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12/09/2022 às 16h00min - Atualizada em 12/09/2022 às 16h00min

Moro em um grande condomínio chamado Brasil

Jornalista, publicitário, escritor e professor universitário
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Foto: Reprodução Google - Figura meramente ilustrativa
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Um dos graves problemas deste empreendimento é que, lá atrás, não houve muito planejamento para a sua construção e, ao que se conta, era para ser apenas uma casa de veraneio de ricos moradores do Condomínio Europa.
Porém, ao se descobrir que o terreno do Condomínio Brasil, além de ser enorme, era muito fértil, “em se plantando tudo dá”, como diziam, muita gente do Europa veio para construir suas residências aqui.
E assim, mesmo sem um projeto estrutural, nem arquitetônico, sem saneamento básico, o condomínio foi crescendo com a chegada de muitas outras famílias que se encantavam com as belezas naturais, com o solo fértil e com o clima bem diferente do Europa. Um dos moradores até colocou uma placa na sua residência com a seguinte frase: “Moro em um lugar tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”.
 
Assim, embora sem estrutura, o condomínio foi se expandindo, passando a ser disputado por muitos síndicos, que, ou foram colocados ali por imposição, ou eleitos como representantes dos moradores.
Casas enormes, espaçosas, confortáveis, de muito requinte, de gente aristocrática, foram chegando, ao mesmo tempo, em que outras de muito menor porte, de pau a pique, palafitas, barracos, de gente muito simples também ocupavam seu espaço dentro do enorme condomínio.
 
Daí, como era de se esperar, os problemas começaram a se avolumar e muitas regras foram sendo criadas para buscar organizar a convivência entre moradores tão diferentes. Muitos grupos foram criados, chamados de partidos, e dezenas de síndicos, ao longo do tempo, foram se revezando na administração. Alguns tiveram até boas intenções, mas a maioria cuidou apenas de sua própria residência, que foram se transformando em palácios ao lado de favelas. Houve ainda síndicos que fizeram apenas “puxadinhos” buscando notoriedade e aqueles que comentaram, durante o processo de eleição para a escolha de novos síndicos, da necessidade de se fazer uma grande reforma.
Contudo, o que no início era apenas uma goteira se transformou em um grande vazamento. Aquela pequena rachadura na parede se ampliou, passando a comprometer toda os pilares de sustentação das residências do condomínio.
 
Chegamos ao presente e ao processo da escolha de novos síndicos.
Os moradores parecem divididos principalmente entre um ex-síndico que já teve à frente do condomínio por duas vezes e quer voltar a ter o domínio, prometendo que agora irá fazer as reformas que não havia feito, e o atual síndico, que pretende continuar com as reformas que iniciou e que vem desagradando a muitos condôminos poderosos e globais.
 
Em meio a tudo isso, existem moradores vermelhos de raiva com o atual síndico, outros esperançosos que o condomínio será melhor e tem até aqueles que estão se divertindo com a situação cantando:
“Eu vou chamar o síndico. Tim Maia”
 
 




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