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06/09/2022 às 16h35min - Atualizada em 06/09/2022 às 16h35min

A paquera romântica, marcas de preconceito racial e social

Fotos: Reprodução Google
Praça Pedro Sanches - Foto: Acervo Décio Alves de Morais
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O “footing” e o antigo comércio nas imediações da Praça Pedro Sanches
 
Na esquina da Rua Rio de Janeiro estava, imponente, o casarão dos Barros Cobra. Depois de moradia, funcionaram ali o Líder Cassino e a PRH-5 Rádio Cultura de Poços de Caldas, assim como o Lions Club Urânio e a sede provisória da Guarda Mirim. No andar térreo, a Viação Cometa tinha um posto de venda de passagens. Na entrada da porta principal, havia o Salão do Coroado. Segundo o jornalista e historiador poços-caldense Roberto Tereziano, naquela esquina começava verdadeiramente a Praça Pedro Sanches, com o desfile de moças e rapazes à procura de um encontro.
 
A troca de lado tinha também marcas de preconceito racial e social. Reminiscências de velhos hábitos e também uma curiosa tradição. Logo depois do prédio da esquina, existia o Hotel do Francês, uma antiga casa de prostituição bem na área central da cidade, de propriedade de um francês chamado Monsieur Adrien Larrow. Tempos depois, o hotel mudou de nome, e de dono, passando a chamar-se Hotel Bandeirantes.
 
No texto do Tereziano não consta, mas lembro-me que onde se situa atualmente a Cristais São Marcos, havia uma espécie de bar/boate, conhecido como Bachianinha, frequentado pelos jovens mais “abastados” de nossa sociedade. Lembro-me também da bonita garota Malala. Certa vez entrei para conhecer. Parte dos meus amigos estava ali. Fiquei e gostei!

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Depois, daquele ponto em diante ficavam também as moças negras ou pobres, ou as meninas das cidades vizinhas que também se espalhavam pela rua onde estavam também os rapazes negros. Do outro lado, ou seja, do lado esquerdo da praça, estavam os rapazes e moças da chamada “alta sociedade” branca. Só que tal “apartheid” não durava muito. Logo pelas primeiras horas da noite tudo virava Brasil e se misturava. Não se sabia mais quem era branco ou negro, elite ou empregada doméstica. Os limites geográficos também desapareciam, principalmente no tempo dos cassinos.
 
Ainda depois do Hotel do Francês, vieram o antigo Hotel D’Oeste, de Caio Junqueira e sua esposa Lúcia Saccoman, e depois, por dezenas de anos, o histórico Bar Maracanã, já na esquina da Rua São Paulo.
 
Havia na proximidade os cinemas Cine São Luiz e Cine Vogue e a galeria do Palace Hotel, com suas obras de arte de De Luisi ou Naclé Cury, além dos cristais e maquinas de fliperama do Miglioranzi. Também na galeria do Palace Hotel funcionavam as salas do Lions Club, do Rotary e da ASI, cedidas gratuitamente pelo concessionário.
 
Atravessando a Rua São Paulo vinha a Cinelândia do saudoso Diamantino Rosa, depois o lendário Bar do Mário, o Pigalle, o Cine São Luiz, uma sorveteria chamada Rebolado da Minhoca, que pertencia ao Sr. Belmonte, e o “footing” terminava no Hotel Rex.
 
O romântico espaço foi chegando ao fim pelos anos 70, com a chegada e popularização do automóvel. A paquera passou a ser mais pelo exibicionismo do carro. Como que nos velhos tempos dos carnavais, os jovens passaram a fazer uma espécie de corso, passando repetidas vezes pelo circuito, mostrando seus carros. Foi quando o “footing” deixou de ser um hábito romântico e cultural de nossos jovens.
 
 
NOTA - Continuação da crônica publicada ontem.
Na quinta-feira (08), texto final sobre o “footing” na Praça Pedro Sanches de Poços de Caldas.
 
Por Odair Camillo & Roberto Tereziano

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