26/08/2022 às 14h03min - Atualizada em 26/08/2022 às 14h03min
“Naquele banco está faltando ele”, o Dirceu
Por Odair Camillo - Jornalista
Os irmãos Dirceu Porto de Vasconcellos e Lurdinha Camillo c
Há já algum tempo venho frequentando nas manhãs ensolaradas, a Praça Pedro Sanches, onde encontro alguns amigos. Os bancos localizados bem defronte ao Hotel D´Oeste são ocupados por um grupo de idosos, amigos de longos anos. Assuntos cotidianos, política, lamentações de dores na coluna, nervo ciático, etc. e tal, fazem parte do cotidiano. Lembranças e fatos da cidade, são revividos. Cada um tem uma história para contar.
O músico Perachi costuma dar uma chegadinha no hotel e, ao piano, dá um show. Está sempre preocupado em voltar mais cedo para casa para fazer o arroz para o almoço. O Ceccato, conta sobre suas longas caminhadas com seus cachorros nas imediações da represa Saturnino. O Josimar, advogado, dá aula de Direito, e fala de sua paixão pela música, gesticula e prefere falar de pé. E eu, quietinho, escutando e aprendendo. Uma aula de saudade...
É a oportunidade que tenho de encontrar-me também com meu cunhado Vicente, que dá notícias da família e tem sempre uma anedota para contar. Às vezes, no entanto, repete a que narrou no dia anterior.
Mas o mais esperado, e respeitado entre todos, era o meu cunhado mais velho, o Dirceu que, além de sua jovialidade invejável, com 94 anos de idade, contava histórias fabulosas de sua juventude vivida no Rio de Janeiro, onde serviu famosos clientes, os mais influentes políticos da época que frequentavam o seu restaurante “Le Bistro”, em Copacabana. E as estórias do passado fluíam naturalmente.
Agora, sentimos a ausência dele, do Zé Magrinho, apelido carinhoso do Dirceu, que era sempre o primeiro a chegar, após uma caminhada pelas alamedas do Parque José Affonso Junqueira. E que, apesar de toda a sua boa saúde, ficou doente e foi-se embora, juntar-se talvez à minha querida Lurdinha, sua irmã caçula.
Resta-nos agora, parafraseando alguns versos da bonita canção de Sérgio Bittencourt, interpretada por Nelson Gonçalves, e com tristeza, com ele cantar: “Naquele banco está faltando ele, e a saudade dele, está doendo em nós”.
23/08/2022