Fabíola Cardillo no laboratório da Fundação Instituto Oswaldo Cruz – Bahia
c Bióloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas em 1985, pesquisadora em Saúde da Fundação Instituto Oswaldo Cruz-Bahia, professora permanente do curso de pós-graduação em Imunologia da UFBA, com experiência na área de imunologia celular e imunorregulação. Desde o início de seus estudos, Fabíola Cardillo mostrou interesse pela área científica experimental. De tradicional família de médicos poços-caldenses, sempre foi fascinada por biologia e tudo relacionado à vida, tanto no aspecto evolutivo quanto no do desenvolvimento.
Durante sua estada em nossa cidade para visitar a família e gozar de um merecido descanso - ela reside em Salvador (BA) -, Brand-News teve a oportunidade de entrevistá-la, e ela falou sobre sua carreira como Pesquisadora em Saúde.
Fabíola, que atualmente é professora da pós-graduação da Imunologia/UFBA, contou que quando foi escolher a faculdade, e já entrou para a biologia, ficou encantada com a biologia marinha. Acabou trancando matrícula por seis meses e foi para Bordeaux, na França. Nessa cidade, onde já havia faculdades especializadas, ela não só teve a oportunidade de aprimorar seus estudos como também desenvolver seus estudos na língua francesa. Quando voltou de lá, e sentindo falta de um estágio na área relacionada também ao laboratório, acabou estagiando na Unicamp. E daí, do macro, ela foi para o micro, começou a pesquisar os microorganismos. Foi a sua passagem da biologia marinha, do biólogo fora do laboratório, para o biólogo dentro. E do laboratório ela não saiu mais, terminando o doutorado em 1994. E de lá, até meados de 2000, Fabíola ficou no sistema de pós-doutorado, ficando ora na USP e ora na Unicamp. Deixou durante algum tempo o país, retornando diretamente para a Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, em Salvador, onde está até hoje trabalhando com doenças infecciosas.
Na entrevista concedida ao Brand-News, Fabíola disse que toda sua inspiração para buscar o conhecimento vem do pai, o médico Dr. Victor Augusto Cardillo. “Ele busca e sempre buscou incansavelmente o conhecimento e sua aplicação na medicina”, disse. Fabíola analisou a importância entre os dois segmentos da medicina, a convencional e a biológica, afirmando que ambas andam lado a lado. “A medicina e a ciência são setores baseados em evidências. A ciência dá esse embasamento. Obviamente o médico, sabe no dia-a-dia, e empiricamente, muitas coisas. A experiência e os estudos médicos são importantes. O clínico olha para você e já sabe o que você tem.”
Durante a breve atuação na Fiocruz do Rio de Janeiro, onde ergue-se o belo edifício Pavilhão Mourisco, colaborou com seus colegas em estudos relacionados com a Doença de Chagas, a vacinação com BCG, na proteção de outras doenças, entre outros estudos. Essa sua colaboração culminou num trabalho de revisão na revista científica Vaccine, uma das mais prestigiadas da área médica. Sobre a fabricação de vacinas, uma vez que a Fiocruz possui 21 unidades técnico-científicas, sendo 11 localizadas no Rio de Janeiro, ela informou que na unidade de Manguinhos foi feita uma extensão de sua construção para que ali fossem fabricadas não só as vacinas como os insumos.
Quanto ao fato de muita gente ter medo de se vacinar, ela explicou que houve muita desinformação em cima da vacina. Até então, sabia-se que para se conseguir uma vacina realmente eficaz e segura, o seu tempo de aprovação variava em até cinco anos. Segundo ela, as pessoas não levaram em consideração que essa é uma tecnologia que começou a ser elaborada desde a época do HIV, do Ebola, e isso aconteceu na década de 80. “Na verdade, o grande perigo do coronavírus já tem uma propriedade de, cada vez, sendo menos patogênico, ele é mais contaminante. É ótimo que ele se torne menos letal, mas que ao mesmo tempo a vacina possa conter seu avanço com sequelas e com desdobramentos muito mais sérios”, disse.
Fabíola possui mestrado em Imunologia pela Universidade Estadual de Campinas (MsC UNICAMP, 1989). Iniciou seu doutorado na área de Imunologia Celular (ontogênese do sistema imune) na Universidade de Paris VI (PhD, Paris VI - 1989) e concluiu na Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (PhD, FMRP - 1994). Foi recém-doutor CNPq (Pós doutorado UNICAMP 1995-1997), coordenadora de projeto Jovem Pesquisador FAPESP (pós-doutorado 1997-2001) e Pesquisadora Visitante na Universidade da Pennsylvania-USA (pós-doutorado 2001).
Entrevista concedida ao jornalista Odair Camillo em 20-01-2022