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16/11/2021 às 15h25min - Atualizada em 16/11/2021 às 15h25min

Tribuna ou Tribunal?

Jornalista, publicitário, escritor e professor universitário
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Figura meramente ilustrativa - Reprodução Google
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Tenho muitos anos de profissão, iniciada por volta de 1985 no extinto jornal “Voz da Unidade”, um periódico do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que durou até o início dos anos 1990. Sei que essa informação soará estranha para muitos, mas verdadeiramente, nunca fui partidário de ideologias sejam elas de que lado for e entrei meio sem querer no jornal, já que estava procurando alguma coisa na área e apareceu a oportunidade. Fiquei muito pouco tempo no referido jornal, menos de dois meses, porque logo depois, ele foi lacrado pelas autoridades.
De lá para já fiz um pouco de tudo na área do jornalismo: locutor, diretor de emissora de rádio, apresentador de TV, assessoria de imprensa, professor universitário na área da comunicação, entre outras funções.
 
Fiz esse plano geral do cenário para dar um zoom na atualidade e dizer que nunca, em toda minha vida profissional, assisti ao que o jornalismo tem se prestado. Fico envergonhado ao assistir o que vem sendo feito para desqualificar, desmerecer o governo federal, notadamente, a figura do presidente em exercício.
Ressalto aqui que tenho muitos senões contra o atual presidente e os seus filhos 1, 2, 3 e 4. Penso que o presidente confunde, de maneira leviana, sua vida pessoal com sua missão de chefe de Estado. Confunde pessoa física com pessoa jurídica e auxilia a fortalecer o enfraquecimento do seu governo. Inúmeras vezes parece um “general” comandando a ordem unida de sua tropa. Ordinário, marche! Direita, volver!
 
Contudo e, apesar de tudo, o que estamos assistindo, notadamente nos telejornais, é um jornalismo sem isenção alguma, que sequer tenta disfarçar a busca insana pela queda do presidente. Sinto-me incomodado, como cidadão e jornalista, de ser testemunha de práticas jornalistas que vão de encontro (e não ao encontro) a tudo o que aprendi e tentei repassar aos meus alunos na faculdade, qual seja um jornalismo que mesmo não sendo isento, busca a verdade como missão. Que tenta apresentar não apenas os dois lados, mas os diversos lados de uma mesma história. Que tem na democracia, ou seja, no conflito de opiniões, seu norte. Que não condena, nem absolve, pois não é tribunal de justiça, embora seja tribuna de uma comunidade e tenha a justiça como um dos seus instrumentos para defender a cidadania.
 
Agora, além da emissora global, diga-se de passagem, uma das melhores do mundo, assistimos o eco dessas práticas, a mim condenáveis, em muitos outros órgãos de imprensa que, como um “coral”, cantam na mesma partitura, qual seja a padronização de uma única ideia que deve ser repetida em uníssono: a queda do presidente.
Para isso, os fins justificam os meios. Qualquer nota, qualquer fato, qualquer deslize, qualquer ação do atual presidente ou de seus filhos, terá sempre o negativo como conceito. Nada presta, nada é bom, nada é suficiente. Buscam passar a ideia de defesa do país, atacando de todas as formas a presidência da república.
 
Sei que muitos ao lerem esse artigo interpretarão como “a defesa do presidente”. Ledo engano. Meu compromisso é com a defesa da profissão que escolhi.
 
Para finalizar esse “textão”, busco seguir, e nem sempre consigo, as ideias do “ser jornalista” do mestre Ciro Marcondes Filho, que transcrevo em parte aqui.
“O ser jornalista, para chegar de fato a ser jornalista no sentido estrito, terá, um dia, atingido a consciência que seu trabalho é pequenino, como o de um varredor de rua, um entregador de gás, de um cobrador de ônibus. E que não há trabalhos grandes, apenas trabalhos honestos. E sinceros. E repassar aquilo que se viu, ouviu, é de especial delicadeza se o outro, aquele que recebe, pôde se emocionar, se sensibilizar, se entristecer ou se animar, em suma, se a mensagem proferida teve a qualidade de ver o outro como um ser humano, tão digno de atenção e respeito como ele mesmo, que tanta porrada teve que tomar na vida para aprender esta singela lição. Que não há nada mais importante que o anonimato de um trabalho decente.”
 


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