Já quase de madrugada deste último sábado, abro o Facebook e me deparo com uma postagem de maio de 2021 do Roberto Tereziano, resgatando a história do Bar Carletto, localizado próximo ao Magazine Luiza da rua Assis Figueiredo, que se transformou na década de 60/70 num ponto de encontro de intelectuais, especialmente poetas e escritores, além de pessoas ligadas aos jornais da época.
Fiquei surpreso ao ver que meu grande amigo Tereziano, que passou recentemente por uma cirurgia, já estava restabelecido e pronto para dar continuidade a sua vocação de historiador, narrando fatos interessantes sobre nossa cidade.
E esta sua postagem, em especial, despertou minha memória para essa época em que, apesar de não participar do grupo de escritores, eu os conhecia quase todos - sendo que mais tarde, alguns deles como Edmundo Cardillo, Jurandir Ferreira, Benjamim Rabelo Mariano, Hélio Landi, Lindolfo Lino Belico e Milton Costa, citados na postagem, foram, entre outros, por mim entrevistados para o Jornal Brand-News como possíveis membros da Academia Poços-caldense de Letras, que o Dr. Marcus Vinicius de Moraes e eu fundamos em 1987.
Como bem lembrou Tereziano, algumas pessoas notáveis também passaram por essa primeira “Santa Ceia” (foto), como o saudoso linotipista e paginador gráfico Carlos Monteiro, Victor Gonçalves, a escritora Benedicta Pires Duarte, Charles Rodrigues de Carvalho e o seu irmão Jacques, do Pronto Socorro que mais tarde se tornaria um ícone da filantropia de Poços de Caldas.
Anos depois, com o encerramento das atividades do Bar Carletto, surgiu um grupo formado por jornalistas, radialistas, políticos, hoteleiros e médicos, tendo na liderança os saudosos irmãos Lázaro Alvisi e Sérgio Lira, além de meu cunhado Dirceu Porto de Vasconcellos, que retornava do Rio de Janeiro e do “bon vivant” Francisco Risola, mais conhecido como Chico Formoso.
A princípio, reuniam-se no café do Gibimba, passando depois para o Café do Ponto, da família Medri, restaurante Estoril, e finalmente na lanchonete Pão de Mel. Vieram depois o Helvécio, Vicente P. Vasconcellos e Orlando Rodrigues, entre outros, quando tive a oportunidade de juntar-me a eles e publicar o livro “Sérgio Lira e os Velhinhos da Santa Ceia”, lançado em 2019.
A prioridade desse encontro era, a princípio, reunir os intelectuais numa mesa, saboreando um cafezinho. Atualmente ele se presta também a discutir política, futebol e amenidades - e penso que deveria prevalecer as lembranças de nossas vidas, um retorno ao passado que tem muita história a se resgatar.