Tive uma das surpresas mais agradáveis quando, numa dessas manhãs gostosas de março caminhava pelo Parque José Affonso Junqueira de nossa bela cidade. Ao passar em frente ao Café Concerto, fui chamado pelo nome por um rapaz sentado à uma mesa estrategicamente colocada sob uma frondosa árvore, acompanhado de outra pessoa.
Acenei com a mão, não reconhecendo de imediato quem era, quando então resolvi chegar até ele, que convidou-me a degustar o saboroso café que lançava seu delicioso aroma naquele momento.
Rodrigo Rocha tinha sido grande amigo de algum tempo atrás. Mas a minha surpresa foi maior ao perceber que à sua frente estava uma senhora, também amiga de longa data, e que naquele momento estava ali como aluna. Ela cumprimentou-me atenciosamente e, enquanto saboreava o seu café, escrevia em um caderno algumas anotações.
Foi quando percebi que naquele momento, acontecia naquele local único, uma aula de francês. E o professor, com brilhante desenvoltura, presenteava-me com algumas frases francesas entremeadas de uma conversa inteligente e saudosista.
Ciente de minha obrigação de não interrompê-los naquela aula inédita e proveitosa, deixei as minhas despedidas, prometendo retornar uma outra vez, para colocarmos nossas ideias e conhecimentos num café da manhã, naquele mesmo lugar.
Ao continuar com minha caminhada pelas vielas do maravilhoso parque, acionei os meus já debilitados neurônios e lembrei-me de minhas viagens a Paris, e dos famosos cafés que eu e Lurdinha frequentávamos, como o “Les Deux Magots” (as duas estatuetas chinesas), que ficou com fama de ponto de encontro da elite intelectual da época, como Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald, Pablo Picasso, James Joyce, Sartre e Simone de Beauvoir, entre outros, além do “Café De Flore”, tão famoso quanto o seu vizinho de esquina do boulevard Saint-Germain-des-Prés. E como disse Hemingway em um de seus livros, “Paris é uma festa”!