22/05/2024 às 16h13min - Atualizada em 22/05/2024 às 16h13min

Velhos amigos reunidos no banco da praça

Por Odair Camillo - Jornalista
Figura meramente ilustrativa

 
Aos 85 anos de idade, a gente está sempre à procura de amigos que de alguma forma fizeram parte de nosso passado e de nossas lembranças. Nossos vizinhos, colegas de infância que brincavam conosco na Piauí, uma rua empoeirada quando ainda não existia a Santa Casa. Aqueles jovens que na mocidade frequentavam aos sábados a Boate Azul, e nas manhãs de domingo, observavam o desfilar de suas namoradas no “footing” realizado na Praça Pedro Sanches, no trecho entre a Casa Bella e o Rex Hotel.
 
Com o passar dos anos, já casados, empenhados em construir uma família, foram desaparecendo dessa praça, um “lugar encantado”, onde eu como os demais, encontramos a mulher de nossos sonhos, e com ela constituímos famílias. 
 
Agora, estou nessa mesma praça, sentado em seus mesmos bancos, mas poucos desses amigos eu os encontro. Há já algum tempo procuro-os. E raramente passa um, com traços visivelmente conhecidos para mim, mas que não me conhecem.
No entanto, para minha alegria, sempre assenta-se a meu lado, bons e velhos conhecidos  que  completam essa lacuna aberta nas minhas lembranças. Muitos já se foram, e jamais poderiam ser citados neste pequeno espaço.
 
O mais pontual é, sem dúvida o Ézio Perachi Jr. (foto), o músico que alegrou por muitos anos as tardes de fins de semana no belo saguão do Palace Hotel, sentado ao piano e executando as mais belas páginas da música universal. E para matar a saudade, de vez em quando convida-me a atravessar a rua e, no piano do Hotel D´Oeste, seus dedos mágicos trazem de volta, para minha lembrança, parte das centenas de músicas que ele tão bem executou na sua vida.
 
Não tão frequente, mas recebido sempre com prazer, o advogado e maestro Josimar Agnus Pereira (foto), que por inúmeras vezes mostrou sua habilidade ao saxofone, promovendo espetáculos memoráveis no Espaço Cultural da Urca. E agora, de pé e à nossa frente, com uma memória incrível, o grande causídico dá suas lições de Direito.
 
Outro que se destaca nesse encontro matinal, é o meu cunhado Vicente, conhecidíssimo no mundo gastronômico e de hotelaria por seu trabalho nos melhores restaurantes do Rio de Janeiro. Exímio contador de anedotas, suas histórias às vezes ultrapassam o limite da veracidade, principalmente quando ligadas à sua fama de “conquistador”.
 
A lista dos “amigos do banco da Praça” é grande. Difícil enumerá-los. Quase sempre o Ceccato aparece. O Garcia, de pouca prosa, relembra nossa vizinhança no bairro do Sapo. O Fausto farmacêutico, promete tirar uma verruguinha de meu braço. O Vino, sempre educado e atencioso como sempre foi seu pai que conheci...  Sinceramente, estes meus velhos amigos, são a razão de minha existência nesta triste vida de um viúvo que perdeu sua Lurdinha!
 

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Comentários »
  • Glaupiner escreveu:
    22/05/2024 às 21h33min

    Linda crônica, meu amigo! Memórias afetivas maravilhosas. Parabéns!!!

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