21/05/2024 às 15h23min - Atualizada em 21/05/2024 às 15h23min
Malte, lúpulo, espuma e sonhos
Lauro A. Bittencourt Borges - cronista gastronômico, viajante compulsivo e membro da Academia de Letras de São João da Boa Vista
Instagram: @lauroborges
Na primeira década deste século, Alessandro Gonçalves auto-exilou-se na Espanha para um período de estudos. Entre um livro e outro, tapas e cervejas aliviavam a aridez da imersão acadêmica. Observando os múltiplos rótulos das brejas ibéricas, ele constatou que pequenas cervejarias se alastravam pelo país.
Em meados de 2008, no retorno ao torrão natal, Poços de Caldas, Alessandro compartilhou com o mano Marcelo o desejo de empreender no ramo cervejeiro. O alto investimento necessário para concretizar a ideia fez o plano ser engavetado até 2012, quando eles compraram equipamentos caseiros e começaram a testar receitas.
O retorno da brincadeira maltada foi um tonel de feedbacks positivos e pedidos de sabores diferentes. Amigos e familiares impulsionaram com elogios a profissionalização da promissora Cervejaria Gonçalves.
Ainda sem produção em escala comercial, em 2014, Alessandro e Marcelo submeteram a “filha” Pale Ale ao júri do concurso promovido pela Acerva Mineira. O rótulo da Gonçalves conquistou o terceiro lugar no certame. Era o empurrão que faltava para o negócio ganhar corpo. Fernanda, mulher de Marcelo, especializou-se nas provas da bebida e embarcou no projeto como sócia e sommelier.
Nos anos seguintes, mais de uma dezena de estilos foram experimentados, tais como IPA, Stout, Witbier, Doppelbock etc. A German Pilsner, queridinha da marca, foi ensaiada mais de noventa vezes até chegar ao resultado que Fernanda e o mestre-cervejeiro Alessandro queriam. Informações detalhadas eram armazenadas em cada lote produzido. Dos processos de aprendizagem e ajustes constantes nasceu o portfólio da casa e a abertura para o grande público em 2016, quando o Bar da Fábrica foi inaugurado. O lugar foi concebido para mostrar a Poços o conceito Gonçalves e oferecer aos clientes petiscos e pratos harmônicos com as protagonistas de lúpulo e cevada da empresa.
Desde então, os pontos de venda - que hoje passam de cem! - se multiplicaram e consolidaram a Gonçalves no mercado das cervejarias artesanais. O selo, em pouco tempo, tornou-se referência de qualidade nesta Mantiqueira de tantos encantos. Nunca mais os habitantes deste solo vulcânico padeceram de sede.
Rafael Calle, contratado como vendedor nos primórdios da companhia, se destacou de tal forma na função que fez o trio poços-caldense de proprietários virar um quarteto. O talento para vender é tão natural que ele ainda exerce o ofício.
Corta para 2024. Trinta e cinco mil litros mensais nos copos de bebedores exigentes levaram a Cervejaria Gonçalves ao vértice de Poços. No repaginado Parque do Cristo, na área cinematográfica da famosa plataforma de voo livre, está o novíssimo e lindo Restaurante da Rampa. Lá tem coquetéis com aperitivos, vinhos com pratos e, principalmente, cerveja com paisagem. Lá tem, ainda, sob o mais belo pôr do sol, muito mais do que Alessandro um dia sonhou.
SERVIÇO:
Restaurante da Rampa
Parque do Cristo - Poços de Caldas, MG
Segunda à quinta, das 11 às 19h
Sexta, das 11 às 22h
Sábado, das 10 às 22h
Domingo, das 10 às 20h
Bar da Fábrica
Av. Mansur Frayha, 647 -
Poços de Caldas, MG
Quarta à sexta, das 15 às 23h
Sábado, das 10h às 23h
Domingo, das 10h às 17h Instagram: @cervejariagoncalves
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