A volta dos que não foram!

Por Odair Camillo - Jornalista
02/01/2024 15h47 - Atualizado em 02/01/2024 às 15h47
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Caminho solitário nesta manhã de terça-feira pelo parque da cidade. Atitude quase que diária que tomei depois que Lurdinha se foi. E nele, praticamente, arrasto-me pelas suas vielas, passeio entre as pérgulas que levam à fonte, observando suas árvores frondosas e ouvindo o cantar de pássaros.
 
Vez por outra encontro pessoas conhecidas que fizeram, no passado, parte de minha vida social. Velhos amigos, alguns sozinhos como eu, outros acompanhados, exercitando-se também, em busca de lembranças e de uma caminhada benéfica para a saúde física e mental.
 
E nessas lembranças, chega até mim a presença imaterial de minha esposa, caminhando a meu lado, fazendo o mesmo trajeto, mas com muito mais vivacidade, confiante nas suas possibilidades físicas.
 
Vejo-me ao lado dessa fabulosa mulher, que por quase oito décadas alcançou o topo das montanhas e caminhou serenamente sobre as areias brancas e cristalinas dos mares visitados. Uma mulher ativa e inteligente, capaz de conversar animadamente, em qualquer idioma, mesmo com quem nem mesmo conhecia, com todas as pessoas que encontrava no caminho. Viveu intensamente, conquistou o mundo, e fez a felicidade de muita gente.
 
E nesta minha caminhada, percebo que mesmo sozinho, ela se faz presente. E sinto, pertinho de mim, a fragrância e o perfume que emana de seu corpo. Sim, tenho certeza, ela está a meu lado.
 
Procuro desesperadamente agarrá-la e trazê-la junto a mim, para que nunca mais me deixe. Em vão. Sua imagem simplesmente ficou na minha lembrança, restando-me agora contentar-me com sua ausência. Pois o seu retorno foi somente, a volta dos que não foram!



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