15/12/2023 às 15h54min - Atualizada em 15/12/2023 às 15h54min
Quisisana Hotel de Poços de Caldas: reprisando a história do Nadinho
Por Odair Camillo - Jornalista
Fotos: Reprodução Internet
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Em setembro de 1995, entrevistei para o Jornal Brand-News o Ronaldo Correa, mais conhecido como Nadinho, que por muitos anos administrou um dos mais famosos hotéis de Poços de Caldas, o Quisisana, depois de o mesmo transformar-se em condomínio. E com toda a sua simplicidade, ele foi revelando uma história tão importante para Poços de Caldas, que procuro novamente sintetizar.
Em 1925, o alemão José Piffer, que veio para se tratar de reumatismo e curando-se através das águas termais, acabou ficando por aqui, adquirindo uma grande área e nela construindo um pequeno hotel de madeira, o Hotel Pensão Quisisana (Qui si sana = Aqui se cura), de categoria internacional, graças a seu know how conseguido na Europa. Já em 1937 era anunciado num jornal carioca o hotel, com informações sobre a cura de suas águas.
Por volta de 1928, o empresário hoteleiro Vivaldi Leite Ribeiro chegou à nossa cidade para assumir o Palace Hotel. Na época ele já possuía no Rio de Janeiro o Rex Hotel e mais dois em Lambari, e resolveu comprar o pequeno hotel de José Piffer e ali começou a construção do atual Quisisana, que teve a participação de Gabriel Antonio Correa, pai de Nadinho.
Depois de algum tempo, por mudança de governo e brigas políticas, Vivaldi foi despejado do Palace Hotel pela Justiça, tendo que retirar em 24 horas todos os móveis do Palace e trazê-los para o Quisisana.
Com sua visão empresarial, praticou um serviço de primeiro mundo, com serviço de restaurante à francesa, um maître que falava vários idiomas, mantendo um médico, o Dr. Fabrino, e um enfermeiro no hotel, além de um pequeno ônibus que fazia o transporte dos hóspedes até as Thermas Antônio Carlos.
Essa fase áurea do Quisisana durou até o fechamento dos cassinos, em 1946. Nos anos seguintes, não mais foi possível manter no hotel cerca de 80 funcionários, e passou a fechá-lo fora das temporadas. Por volta de 1962, seguindo o exemplo do Quitandinha, no Rio de Janeiro, ele começou a vender os hotéis como condomínio. O primeiro foi em Lambari, seguindo-se depois o Rex, do Rio de Janeiro e, por último, o Quisisana de Poços de Caldas.
Quisisana: hotel de categoria, hoje um confortável condomínio
No finzinho de 1963, os condôminos tomaram posse dos apartamentos, que foram adaptados às suas necessidades. São atualmente 237 unidades - a maioria passou por profundas reformas - e cerca de alguns apartamentos são utilizados pelo próprio condomínio.
Em seus 4 alqueires de terreno, possui uma área coberta de 15.000 m2. Seus amplos salões também foram restaurados, tornando-se também famoso pela sua grande área de lazer. No interior do prédio há uma piscina térmica de água sulfurosa, possui 3 saunas secas e 3 úmidas, duchas, salão de jogos, salão de beleza, cinema e a “boate”, que apresentou na época, artistas internacionais como Libertad Lamarque e Pedro Vargas.
A sua igrejinha, defronte ao lago das carpas, teve como seu primeiro pároco, o Monsenhor Carlos Henrique Neto, o Padre Carlos, e já foi palco da novela global “Livre para Voar” e do seriado “Memórias de um Gigolô”. O condomínio possui ainda quadras de futebol e de tênis, churrasqueira e a primeira e única “Fonte de Água Ferruginosa” de Poços de Caldas.
Segundo Nadinho, o condomínio está aberto à visitação a todas as pessoas que queiram conhecer um pouco da história de nossa cidade. Vivaldi Leite Ribeiro foi, sem dúvida, um dos precursores de nosso Turismo, acreditando em Poços de Caldas como uma cidade de cura e de lazer.
NOTA - Texto original da entrevista com Nadinho, em setembro de 1995, publicado no Jornal Brand-News. Um de meus sonhos de juventude, era um dia adquirir um apartamento no Quisisana. A título de curiosidade, conheci pessoalmente o Vivaldinho Filho, ainda jovem, que cavalgava com seu belo cavalo pela cidade e, às vezes, levava-o à ferraria de meu pai, na rua Assis Figueiredo, para trocar as ferraduras. Bons tempos!