27/10/2023 às 17h00min - Atualizada em 27/10/2023 às 17h00min

O dia em que minha mãe Lucinda fez 100 anos

Por Odair Camillo - Jornalista
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Lembro-me que no dia 27 de outubro de 2015, os filhos, netos, bisnetos e o resto da família reuniram-se à tardinha em seu apartamento para, juntos, comemorarmos os seus 100 anos de vida. Vaidosa, apesar da idade, por volta das 16h ela já estava arrumada, unhas feitas e cabelo penteado, sentada na sala em sua poltroninha de vime, esperando pelos convidados.
 
E a família foi chegando, e se aglomerando na pequena sala de seu apartamento. Minutos depois, ao som do “Parabéns a Você”, simbolicamente, ela apagava com uma colher a velinha do seu centenário.
 
Até então, eu cumpria um ritual de visitá-la todos os dias, mesmo que estivesse envolvido em meu trabalho, e juntos tomávamos o café da tarde.
 
Chegava próximo dela, cumprimentava-a em alta voz, e ela começava seu ritual para o café: pegava um guardanapo e passava firmemente dentro da xícara. Ela queria ter certeza que a mesma estava perfeitamente limpa. Mania de gente velha, dizia.
Em seguida, fazia o mesmo com a colherzinha para mexer o café com leite. O pão com manteiga tinha que ser pequeno. “Corta na metade”, resmungava, se via que o pedaço era grande. E assim, acabava comendo tudo.
Ao final, entregava-lhe uma bolacha de água e sal com geleia de morango, que tanto gostava.
 
Esta era a rotina diária de seu café vespertino, que continuou por mais dois anos, quando resolveu nos deixar, certamente levada pelos seus anjos. Que Deus a tenha!
 
(Minha mãe Lucinda faleceu no dia 06 de março de 2018, com 102 anos de idade).
 

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