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04/09/2023 às 15h37min - Atualizada em 04/09/2023 às 15h37min

Não às togas, digo, às drogas

Jornalista, publicitário, escritor e professor universitário
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Figura meramente ilustrativa - Reprodução Google
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A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, votou a favor da descriminalização da maconha em "defesa da liberdade individual". Poderíamos até concordar com a ministra se a droga afetasse apenas quem a consome. Porém, como se sabe, apenas a ministra parece desconhecer, a droga alimenta o narcotráfico e a criminalidade, causando prejuízos irreversíveis a famílias e à sociedade.
Se a referida ministra tivesse pessoas próximas do seu convívio, envolvidas com drogas, talvez reconsiderasse seu posicionamento, ainda mais em um país onde a miséria, o desemprego, a geração Nem-Nem (Nem estudam, Nem trabalham) são graves problemas sociais. Talvez percebesse que a liberdade individual não é salvo conduto para tudo.
 
Se atentarmos para os conceitos capitalistas e mercadológicos da oferta e da procura, de quem produz e quem consome, a droga é hoje uma grande indústria mundial.
Temos de um lado, os produtores, desde pequenos de “fundo de quintal” até os grandes da rede internacional do narcotráfico. Na relação entre quem produz e quem consome, uma complexa rede de distribuição, que envolve desde pequenos traficantes, os chamados “mulas”, até os “colarinhos brancos”, estes últimos geralmente oriundos de classe média alta.
 
Mas, tal indústria não existiria se, na outra ponta da cadeia, não estivessem os consumidores, os usuários, dependentes e co-dependentes que mantêm o comércio de compra e venda para alimentar o próprio consumo. Some-se a isto, a falência de nossas instituições agravada pela corrupção de policiais, morosidade da justiça e um sistema penal que favorece a escola do crime.
Como fator importante no mercado tem-se um meio ambiente propício. Se de um lado, o sistema incita ao consumo, de outro, segrega as pessoas, ampliando as injustiças e o crescimento da miséria social.
 
Seguindo ainda leis de mercado, a indústria das drogas lança a cada dia um novo produto (atualmente é o óxi) e uma nova unidade é inaugurada periodicamente em cada bairro de qualquer cidade do mundo.
 
Por tudo, são muitos especialistas e líderes mundiais que afirmam que o mundo já perdeu esta guerra, pois, as drogas estão mais baratas, mais puras e acessíveis, com progressão geométrica no número de “clientes”. Assim, a descriminalização e até a legalização das drogas são indicadas como “remédios” para uma civilização doente. Particularmente, a percepção é de que se não temos soluções, “aceitar e legalizar” é a única saída, o que não acreditamos.
 
Como deter a indústria da droga é a pergunta que se faz sem resposta convincente.
Alguns pontos, porém, parecem ser inquestionáveis. A necessidade de uma tomada de decisão realmente séria e profunda sobre o tema. A soma de várias frentes de combate: políticas, sociais, judiciárias e criminais. E, principalmente, como pilar de todas as atitudes, o que sugerimos denominar de EPI: Educação, Prevenção e Informação.
 
Importante é refletir que a Drogas S/A recebe a cada dia grandes investidores, resultado de um longo período de perda na Bolsa de Valores Humanos e da queda crescente nas ações de combate efetivo do problema.
 
Precisamos envolver todos os setores sociais: empresas públicas e privadas, instituições governamentais e não governamentais e, em conjunto com a comunidade, decretar a nossa concordata no presente, para que, no futuro, não tenhamos que admitir a falência do ser humano e que em nome da liberdade, destruímos a vida.
 
 


 
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