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22/08/2023 às 16h18min - Atualizada em 22/08/2023 às 16h18min

Caminhando pela rua Assis Figueiredo, nos anos 50 - Parte 1

Por Odair Camillo - Jornalista
Fotos: Acervo pessoal Luciana Marinoni Chaves Cintra
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Sou quase um “mocinho” a caminho da ferraria de meu pai, onde com ele trabalho. Magro, meio desengonçado, cabelo encaracolado, vestindo um macacão e um agasalho, vou descendo a rua Assis Figueiredo vindo da rua Piauí, onde moro.
 
Passo diante a porta da escola do velho português sr. Adelino, onde estudei até a 3ª série, e depois completei a 4ª com a dona Lili, no Grupo Escolar David Campista. Na esquina com a rua Ceará, à minha direita, vejo a casa do Atílio Spinelli, amigo de infância, e seu pai taxista saindo com seu automóvel da garagem.
 
Na rua Paraíba, à minha direita, está ainda a casa velha, quase abandonada, cobiçada pelo meu pai, que pretendia adquiri-la e construir ali a sua oficina. Mas a negociação não deu certo. O sr. Raimundo não quis vendê-la.
 
 
Agora passo defronte a fábrica do seu Antônio Marinoni, Massas Marinoni. Ouço o barulho das máquinas produzindo o melhor macarrão da cidade. E, do outro lado, um grande terreno pertencente ao sr. José Flora. E nos fundos, a oficina do Chico Cagnani e filhos, um ferreiro famoso, forte, tido e havido como “de poucas palavras”.
 
Ao chegar defronte ao Hotel Rochetto, atravesso a rua e passo pela oficina dos Cassaro, especializados em encanamento e calhas, e do Bar do Medri, muito frequentado aos sábados, quando os colonos da região vêm à cidade para negociar seus produtos da roça. Esse bar fica encostado à oficina de meu pai. Do outro lado da rua, o movimento ainda está fraco no Bar e Sorveteria Alaska, enquanto observo que muita gente espera sair o pãozinho quentinho da Padaria Selecta, na esquina com a rua Pernambuco, do gordinho e simpático sr. Guerino Maran.
 
Finalmente chego ao meu destino, e logo dirijo-me para perto da forja, onde meu pai e os ajudantes estão aquecendo-se do frio intenso que faz neste mês de maio. Carlinho Bertozzi, nosso funcionário especial, no fundo da oficina está tentando abrir a torneira da pia. Inutilmente. Porque a água dentro do encanamento está congelada...
 
(Continua amanhã, 23-08)

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