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17/08/2023 às 14h17min - Atualizada em 17/08/2023 às 14h30min

Mais sobre a rua Piauí: nossos vizinhos, a urna mortuária e o “Buraco Quente” da Rio Grande do Sul

Rua Piauí em 1898. Há relatos de que neste lugar era planejado por Carlos Alberto Maywald a construção da Igreja Matriz, para ficar em destaque por toda a cidade. Mas ali foi construído, anos depois (1962), o Hospital da Santa Casa, na praça que recebeu o nome de um dos grandes prefeitos da história da cidade, Francisco Escobar.
Foto do acervo do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas


Dando continuidade ao que escrevi na terça (15) sobre a minha infância vivida na rua Piauí, de Poços de Caldas, volto ao assunto, relembrando de outras pessoas e casos que, certamente, sejam interessantes ao amigo leitor.
 
Ao redor do Largo da Independência moravam muitas famílias que se tornaram amigas e conhecidas pelo resto da vida. Entre elas, o Roberto Andrade, que se tornou um dos grandes fotógrafos de Poços de Caldas. Também na praça moravam a família do Lester e Sebastião Landi, e a do motorista de táxi sr. Menezes. Sua filha Lúcia tinha uma belíssima voz, e era o destaque do coral da Igreja Matriz. 
 
Ademerval Garcia também morou com seus pais naquela praça. Tornou-se locutor de uma rádio local e, anos depois, um dos grandes empreendedores na produção de produtos cítricos na região de Limeira (SP). E na esquina com a rua Piauí, morava uma família, muito respeitada, de origem alemã.
 
Ainda na mesma rua, ao lado da nossa casa, moraram os pais do ex-prefeito Luiz Antônio Batista, ele ainda um bebê, que anos e anos mais tarde, no importante cargo de prefeito, tornou-se meu chefe como secretário de Turismo de seu governo. Também na Piauí havia uma modesta casa onde morava sozinho o senhor Raimundo, aparentando ter mais de 70 anos. Ele havia perdido a esposa e, como demonstração de amor a ela, havia comprado para ele uma urna mortuária que ficava exposta, encostada na parede lateral da entrada da casa. As crianças, como eu, ficavam impressionadas ao ver o caixão, ali exposto.
 
Quando a nossa turma atingiu a idade entre os 12/14 anos, nós já procurávamos outros brinquedos, próprios de nossa idade. De vez em quando, decidíamos “ver” o que acontecia na rua Rio Grande do Sul, no lugar chamado “Buraco Quente”, onde funcionava uma casa de prostitutas. A casa, de construção simples, cuja parte frontal exibia três janelas e uma porta de entrada, ficava localizada numa parte baixa da rua, onde se podia apreciar o seu interior de um morrinho sem que fôssemos descobertos pelas moradoras.
 
Lembro-me que a primeira vez que eu, meu irmão e mais dois amigos fomos até lá, já estava anoitecendo, e pudemos presenciar duas garotas, completamente despidas, caminhando de um lado para outro na sala. Para nós, “inocentes”, foi o máximo que poderíamos almejar.
E essa curiosidade permaneceu. E escondidos, voltamos lá por mais vezes.
 
Do livro em preparação “O Menino de Paranapiacaba”

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