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31/07/2023 às 15h31min - Atualizada em 31/07/2023 às 15h31min

O assalto

Jornalista, publicitário, escritor e professor universitário
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O boato se alastrou rapidamente.
Todos da rua estavam assustados e temerosos e até os cães latiam mais alto nos quintais.
Mensagens no WhatsApp e a Dona Norma, moradora há muitos anos no casarão da esquina, tratavam de "espalhar " o que aconteceria na sexta- feira, 13. “Pé de pato, mangalô, trêis veis!”.
Alguns, mais jovens, afirmavam: - Ah, é fake news!
Verdadeiramente, ninguém sabia, ao certo, quem havia dado com a língua nos dentes, mas, com certeza, alguém infiltrado em alguma organização criminosa dedurou: - A rua seria assaltada na sexta-feira.
E daí, trocar a fechadura da porta, colocar trincas nas janelas e até instalação de câmeras foram atitudes tomadas pela maioria dos moradores. Os mais belicosos sugeriram barricadas na entrada do bairro. Alguém comprou um colete à prova de balas. 
A Polícia Civil e a Militar, comunicadas, se reuniram e estudaram táticas para surpreender os criminosos, entre elas, todos os policiais estariam à paisana, pois o sigilo, nessas situações, era fundamental. 
Uns duvidavam: - Como assim? Agora os assaltantes estão agendando os assaltos? Não é possível!
Outros rebatiam: - O crime anda cada vez mais organizado.
Hoje, os bandidos trabalham com planejamento estratégico, planilhas em Excel, Canvas, People Analytics e outras ferramentas de gestão.  O “A arte da guerra” do Sun Tzu é o livro de cabeceira dos líderes das facções criminosas.
E nesse clima de apreensão e ansiedade, os dias foram passando, os nervos cada vez mais à flor da pele e as dúvidas aumentando.
- Como seria o assalto? Que horas começaria? Quantos criminosos? Que armas usariam?
Na noite de quinta-feira, o silêncio era total e as luzes de todas as casas da rua estavam apagadas. O local parecia morto. (Opa! vira essa boca para lá). Ninguém dormiu naquela madrugada. Era um olho no peixe, ou na peixeira e outro no gato.
Enfim, sextou, o sol deu as suas caras e, pelas frestas das janelas, as pessoas, ressabiadas, perceberam uma movimentação estranha.
Dois caminhões e duas máquinas, que pareciam ser da prefeitura, chegaram. Com eles, muitos homens de uniforme de cor laranja.
Seriam criminosos disfarçados?
Daí, então, um morador mais corajoso se aproximou de um dos homens de uniforme e, meio gaguejando, perguntou:
- Desculpe-me... não, não quero atrapalhar, e me me perdoe, a a a intromissão... mas, o senhor ...o senhor pode me dizer o que está acontecendo?
- Ué, a prefeitura não comunicou vocês? A rua será asfaltada.

 
 

 
 
 

 
 
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