Pelo “Jardim da Luminosa” vou caminhando sem lenço, sem documento...

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Já há algum tempo que dedico alguns minutos das frias manhãs para uma caminhada pelo Parque José Affonso Junqueira, que os antigos chamavam de Jardim da Luminosa. E o faço sozinho, não me atrevendo a juntar-me a alguns amigos que encontro, uma vez que a idade “nobre” a que cheguei, inibe-me de caminhar no mesmo ritmo. Cumprimento-os, e permito-lhes que sigam à frente, aproveitando a vantagem que levam por serem menos idosos, ou talvez mais treinados...
 
Contemplo a beleza do Palace Casino, belo e silencioso, descansando de noitadas barulhentas vividas no passado, e hoje negligenciadas completamente. Um tesouro à flor da terra que já tem donos, onde os garimpeiros que o descobriram, não se permitem chegar. 
 
Nesse passeio solitário, sobra-me muito mais tempo para apreciar a natureza exuberante do local e de ter a oportunidade de transportar-me em pensamento ao passado, lembrando-me dos momentos vividos ao lado de meninas namoradeiras, passeando à noite estrelada entre as pérgulas cobertas de folhas e trepadeiras, e que terminavam em frente à majestosa, sonora e iluminada fonte.
 
Anos depois, nas ensolaradas manhãs domingueiras ao lado de minha deusa Lurdinha, ajudávamos nossos filhos a subirem na mureta que a cerca. Outras vezes, corríamos sofregamente, de um lado para o outro atrás deles. Agora estou sozinho, passeando pelo tempo. E os meus filhos cuidando de meus netos, e estes, de meus bisnetos.
 

Pela ruela margeando o canal, vejo os velhos sanitários. Indecentes para uma cidade turística. Mais adiante, paro por um momento para observar do outro lado, a rua Junqueiras, o prédio do Conde de Prates em restauração, e observo que ainda está lá a sede da Guarda Mirim. Já tentaram botá-la abaixo. Não deixei! Toda sua construção, mais uma área de quase 1.500 m2 consegui a duras penas para a entidade que fundei. Agora, só está faltando chegar a “Maria Fumaça”, promessa política não cumprida. Mas ela certamente virá...
 
Os duzentos metros finais de minha caminhada estão chegando. Passo pelo Café Concerto e desconcertado, fico sabendo que um dos postes de luz que deveria estar em frente para iluminar o belo local, foi retirado para dar passagem a um automóvel. A exposição de veículos antigos foi embora. Mas o poste não voltou a seu lugar de origem!