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27/03/2023 às 16h05min - Atualizada em 27/03/2023 às 16h05min

Pesquisa da UFMG analisa dinâmica da ômicron em Minas e confirma que São Paulo é ‘exportador’

FONTE: Luiza Franca Tomaz de Aquino - [email protected] - FOTO: UFMG
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Artigo publicado na revista Viruses por grupo do ICB mostra que grande diversidade de sublinhagens dessa variante do Sars-CoV-2 circula em Belo Horizonte
 
A linhagem B.1.1.529 é uma das subvariantes da ômicron, variante do Sars-CoV-2, o vírus que causa a covid-19. Ela foi relatada à Organização Mundial da Saúde pela África do Sul em novembro de 2021 e, já em janeiro de 2022, era a cepa predominante em grande parte do planeta. Por ser mais transmissível que o vírus original e em razão do temor de que ela não fosse contida pelas vacinas anticovid-19 disponíveis, todos os serviços de vigilância epidemiológica se ocuparam em estudá-la.
 
Para compreender os efeitos da introdução da variante ômicron em Minas Gerais, pesquisa sediada no Laboratório de Biologia Integrativa do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (ICB) analisou 430 amostras sequenciadas do coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (Sars-CoV-2), coletadas na capital do estado, de novembro de 2021 a junho de 2022.
 
O artigo Dynamics of early establishment of Sars-CoV-2 VOC Omicron lineages in Minas Gerais, Brazil, publicado na revista Viruses, no final de fevereiro, mostra que, apesar do rápido crescimento epidêmico causado por essa variante, não houve aumento de óbitos e internações em Minas Gerais, o que os cientistas atribuem principalmente à vacinação no país. Por outro lado, as significativas alterações nas variantes estão associadas ao aumento da incidência da doença.
 
“Uma grande diversidade de sublinhagens ômicron circulava na capital mineira, mantendo o mesmo padrão observado em todo o Brasil”, afirma o coordenador do estudo, professor Renato Santana Aguiar, do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do ICB. Foram analisados 72% de todos os genomas Sars-CoV-2 disponíveis na cidade à época.
 
“A diversidade observada é produto de um grande número de importações internacionais e nacionais”, destaca o cientista, referindo-se ao trânsito de pessoas tanto dentro do Brasil quanto em viagens ao exterior. Análises filogeográficas, que consideram os processos históricos que podem ser responsáveis pela distribuição geográfica dos indivíduos com base em análises dos padrões genéticos encontrados, demonstraram forte conexão epidemiológica entre Minas Gerais e São Paulo.
 
“O estado de São Paulo se mostra um importante polo de disseminação viral em todo o país, contribuindo com cerca de 70% de todas as introduções virais ômicron detectadas em Minas”, reforça Santana, lembrando ainda que o aparecimento das linhagens ômicron BA.1 e BA.2 foi responsável pela manutenção de um elevado número de casos de covid-19 em Minas Gerais durante o período do estudo.
 
“A gente também identificou algumas sequências de linhagens BA.4 e XAG, mas ainda é necessário concluir nossas análises de vigilância genômica para avaliar seu impacto na saúde pública de nosso estado”, afirma Renato Santana. Ele ressalva que o estudo tem uma limitação que ainda o impede de ser “a última palavra sobre o assunto”: apesar do esforço para gerar um conjunto de dados proporcional e preciso da diversidade do Sars-CoV-2 no Brasil, o número de casos positivos sequenciados ainda é baixo, do ponto de vista estatístico, e a viabilidade computacional para lidar com conjuntos de dados muito maiores ainda é um problema.
 
RECURSOS E APOIO - O artigo é o primeiro a publicar resultados entre os projetos financiados pelo Instituto Mulheres do Brasil, ligado ao grupo de varejo Magalu. O estudo foi financiado também pela Rede Corona-ômica BR, afiliada à RedeVírus MCTI, pelo MEC Capes 118, Finep, UFMG-NB3 e Conselho de Pesquisas Médicas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Os pesquisadores contaram ainda com apoio dos Laboratórios Hermes Pardini e de outras instituições e iniciativas.

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