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02/03/2022 às 14h16min - Atualizada em 02/03/2022 às 14h16min

Estilos de Cervejas Norte-americanas (Escola Cervejeira Norte-americana)

Jean Benetti - Sommelier de Cervejas
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“Confio plenamente no povo. Se lhe falarmos a verdade eles enfrentam qualquer crise nacional. Este é o ponto: dar-lhes os fatos e cerveja.” Abraham Lincoln (1809 - 1865), presidente dos EUA, cujo rosto estampa a nota de US$ 5,00.
“A cerveja é a prova viva de que Deus nos ama e nos quer ver felizes.” Benjamin Franklin (1706 - 1790), jornalista, cientista e diplomata dos EUA, cujo rosto estampa a nota de US$ 100,00.
 
Na 1ª coluna de dezembro falamos sobre as Escolas Cervejeiras, que dividem os estilos de cerveja em 4 grandes grupos, seguindo as tradições das regiões que os criaram. Nas colunas passadas falamos um pouco sobre as Escolas Inglesa, Belga e Alemã, e hoje fechamos o ciclo com a 4ª Escola Cervejeira, a Escola Norte-americana e seus principais estilos de cerveja.
 
A história da cerveja nos Estados Unidos da América é dividida em 3 fases distintas: a primeira vai desde a chegada do navio Mayflower, em 1620, carregado de ingleses e seus equipamentos para a fabricação da bebida, até meados do século XVII, quando imigrantes ingleses, irlandeses e alemães se dedicaram a desenvolver e enriquecer a cultura cervejeira no “Novo Mundo”. Desse período, destaca-se os estilos britânicos Pale Ale e Stout, além do Pilsen alemão.
A segunda fase - bastante marcante! - da história da cerveja no EUA remete ao início do século XX, mais precisamente no período entre as Guerras Mundiais, e começa quando moralistas e religiosos instalaram a proibição de bebida alcoólica no país, a chamada de Lei Seca. Ao final desse período, o empobrecimento da bebida é facilmente percebido, e se deve tanto ao longo período que os americanos ficaram sem degustar cervejas de qualidade, mas, principalmente, pela crise econômica que varreu o país (como a famosa Crise de 1929) e fez com que os produtores locais tivessem que substituir receitas com cereais mais caros e raros por cereais não maltados, como o milho e o arroz. Nasce aí o estilo American Lager, que ainda hoje é visto com muitas reservas pela comunidade cervejeira internacional.
A terceira fase da cerveja nos EUA, iniciada a partir da década de 80, é marcada pelo renascimento da cultura cervejeira no país, fortemente lideradas por (então) micro cervejarias artesanais, pelas produções caseiras autorizadas e pelos bares-cervejarias (brewpubs). Esse movimento foi tão intenso que foi só a partir desse boom que se decidiu reconhecê-los como uma típica Escola Cervejeira. Engana-se quem acha que a Escola Americana tenha se limitado às suas fronteiras: com a forte expansão da cultura americana pelo globo, no século XXI, o renascimento da Escola Americana acabou por influenciar todo o movimento cervejeiro que estamos vivendo, com “barbudos” de boné de redinha cozinhando a sua cerveja em cada canto do planeta!
 
Vamos conhecer os principais grupos de estilos da Escola Americana:
 
Standard American Beer: são aqueles estilos mais insossos em aroma e sabor, que surgiram da segunda fase da Escola Americana. Dele são exemplos o American Lager, estilo da maioria das cervejas da prateleira dos supermercados brasileiros; o American Light Lager, que é ainda mais leve e parecido com uma água com gás aromatizada, muito vendido no Norte e Nordeste do Brasil e muito mais consumido nos EUA; e os estilos Cream Ale e American Wheat Beer, que, apesar de serem muito leves nos Estados Unidos, aqui, no Brasil, receberam um plus de lúpulo aveia e trigo e ganharam uma releitura “abrasileirada”.
International Lager: grupo do estilo International Pale Lager, anteriormente chamado de Premium Lager, que é a versão mais encorpada das American Lager, e que, normalmente, são cervejas puro malte ou com menos de 20% de cereais não maltados. O rótulo mais famoso desse estilo é, sem dúvida alguma, a tradicional cerveja holandesa Heineken. Os estilos International Amber Lager e International Dark Lager também integram o grupo International Lager e são cervejas com colorações avermelhadas e escuras, respectivamente.
Pale American Ale: grupo de cervejas Ale claras e de médio teor de álcool e amargor, tais como os estilos Blond Ale e o famoso American Pale Ale, também chamado de APA, estilo bastante difundido e apreciado entre os brasileiros.
Amber and Brown American Beer: grupo de cervejas derivadas do estilo APA, mas com coloração que varia do avermelhado ao castanho escuro, além de mais aroma e sabor maltado. American Amber Ale, California Common e American Brown Ale são os estilos deste grupo.
American Porter and Stout: cervejas escuras e potentes, derivadas dos estilos ingleses homônimos, porém a versão Americana dispõe de uma carga maior de lúpulo, malte tostado e torrado, e álcool. Os estilos pertencentes a esse grupo são o American Porter, o American Stout e o Imperial Stout, este, excelente para apreciar nos dias mais frios.
IPA: aqui é bom deixar claro que o termo India Pale Ale é usado apenas pela Escola Britânica que a deu origem, e que os estilos americanos que levam a sigla IPA o fazem apenas por derivação desse estilo. As IPAs, de maneira geral, são cervejas Ale de alto amargor, adoradas por americanos e, por isso, tiveram forte inserção no mercado brasileiro. Os estilos desse grupo são liderados pela principal versão, American IPA, e suas derivações: Belgian IPA, feita com fermento belga, Black IPA, com malte torrado, Brown IPA, com malte tostado que traz notas de chocolate, Red IPA, mais avermelhada e adocicada, Rye IPA, com centeio, e White IPA, feita a partir de uma belga Witbier com o acréscimo de lúpulos americanos.
Strong American Ale: grupo de cervejas com bastante potência alcoólica. Double IPA é a versão da American IPA com até 10% de álcool, e o estilo American Strong Ale pode comportar vários tipos de cerveja americana, porém com mais álcool; a American Barley Wine lembra um vinho de malte, por isso o nome, e chega a 12% de álcool, enquanto a Wheatwine é a versão dela com adição de malte de trigo.
American Wild Ale: engloba os estilos de cervejas ácidas americanas, ou Sour americanas, das quais são destaques as Brett Beer, Mixed-Fermentation Sour Beer e Wild Specialty Beer.
Spicy Beer: este grupo apresenta alguns estilos feitos com adição de especiarias, ervas e/ou vegetais, em geral preparadas para festividades específicas celebradas pelos americanos durante os meses mais frios do ano (outono e inverno). Algumas são dedicadas especialmente para o Natal, com especiarias da época, mas o grande destaque desse grupo de cervejas vai para um estilo especial e que, pessoalmente, considero como um dos mais saborosos da escola americana de cervejas, que é o Pumpkin Ale, cerveja elaborada a partir do cozimento de abóbora junto ao malte e que é largamente consumida durante o dia das bruxas (Halloween).


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