“A Melhor Idade”, criado pela atriz Carine Michelucci, aborda a velhice como uma oportunidade de recomeço
A velhice é o ponto de partida para o espetáculo “A Melhor Idade”, do Coletivo Fanfarra, que emocionou diferentes públicos nas últimas semanas. Isso porque a turnê pelo sul de Minas provocou identificação, risos e reflexões nos moradores das cidades de Andradas, Botelhos e Elói Mendes.
Para a atriz Carine Michelucci, que criou e interpreta a protagonista Dona Amélia, a turnê trouxe confirmações sobre as ideias e objetivos traçados durante os ensaios. O improviso é uma constante, ou seja, cada sessão é única. “Nenhum espetáculo vai ser igual ao outro. Ele sempre muda, depende muito do que acontece na hora e do público também, porque a Dona Amélia quebra a quarta parede”, comenta a artista.
Enquanto aguarda a visita de seus familiares, Dona Amélia decide fugir das atividades tradicionalmente voltadas ao público idoso e iniciar aulas de teatro. Com espírito vibrante e amor pela vida, ela encontra na arte uma fonte de alegria e expressão.
“Essa mulher que viveu para um relacionamento, para os netos, para os filhos, se vê sozinha quando decide fazer algo que não foi imposto pela vida ou pelas suas condições. Fiquei apreensiva em um primeiro momento, com medo de acharem que estava fazendo alguma chacota, mas o espetáculo foi muito bem recebido”, relata Carine.
O diretor do espetáculo, Valber Rodrigues, reafirma o sucesso da turnê. Ele acredita que a recepção positiva ocorreu por conta deste tema universal. “A temática da terceira idade atravessa a vida de muita gente, seja vivenciando essa etapa da vida, seja acompanhando os membros da família que estão passando por ela.”
Ele ainda complementa, sobre a conexão do público com a Dona Amélia: “Acredito que isso é motivado pelo fato do espetáculo, acima de tudo, tratar das relações humanas a partir de uma história simples e corriqueira.”
Carina também conta que recebeu muitos abraços e sorrisos, bem como reações emocionadas de pessoas que têm pouco costume de frequentar o teatro. “No final a velhice não é o tempo que nos resta, mas sim as histórias que a gente carrega para contar”, finaliza.
A turnê pelo sul de Minas ocorreu por meio do edital Circula Minas (FEC 09/2024), da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais. Além de Carine Michelucci (atuação e dramaturgia) e Valber Rodrigues (direção), a equipe do projeto contou com Julia Montezano (direção vocal) e Kauana Benelli (design, identidade visual e fotografia).