INB recebe licença de operação do Ibama para Unidade de Caldas; jornalista comenta
15/01/2025 15h46 - Atualizado há 2 semanas
UDC e vista aérea
A Unidade em Descomissionamento de Caldas/MG da Indústrias Nucleares do Brasil - INB teve a licença de operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deferida no último dia 14 de janeiro. Esta é a primeira licença para o descomissionamento de uma mina de urânio no Brasil. A concessão aconteceu após análise técnica pela equipe responsável do Ibama e tomada de decisão do presidente do órgão, Rodrigo Antônio de Agostinho Mendonça.
Segundo o presidente da INB, Adauto Seixas, esse resultado é fruto do empenho sinérgico para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção da licença, tanto por parte das equipes técnicas e administrativas da empresa quanto do grupo de trabalho do Ibama, que envolveu avaliação de profissionais especializados nas áreas de flora, fauna, remediação ambiental, ciências sociais e gestão. “A obtenção da licença é somente mais uma evidência do nosso compromisso com o descomissionamento, a transparência e o desenvolvimento sustentável”, frisou o presidente da empresa.
Seixas explicou que este é um marco importante para a INB no avanço das ações de descomissionamento, pois assegura que a área da unidade em Caldas poderá ser disponibilizada para outros usos pela sociedade no futuro.
O coordenador geral de Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Fluviais e Pontuais Terrestres do Ibama, Edmilson Maturana, ressaltou a importância na obtenção dessa licença para o gerenciamento constante de um projeto com prazos e orçamentos onde tudo esteja mapeado. “Nossa meta é a transparência”, acrescentou o coordenador geral.
Os próximos passos envolvem a publicação da Licença de Operação e a gestão das exigências desdobradas em condicionantes na própria licença, para o avanço do descomissionamento da Unidade.
“São várias questões que precisam vir a público”, diz jornalista Tania Malheiros
Com quatro livros publicados, passagem por grandes veículos de comunicação e autora de um blog dedicado a assuntos jornalísticos, Tania Malheiros (foto) comentou a informação divulgada hoje pela INB, a pedido do Brand-News. Formada em Jornalismo pela Estácio de Sá, graduada em Jornalismo de Políticas Públicas pela UFRJ e pós-graduada em Comunicação pela Cândido Mendes, desde a década de 80 Tânia cobre a questão nuclear no Brasil e é considerada uma das maiores autoridades no assunto, tendo sido vencedora, em 1997, do Prêmio Esso de Jornalismo, na categoria Informação Científica, Tecnológica e Ecológica.
“Aquilo ali é uma imensidão. É uma instalação muito grande, muito antiga, que foi desativada, então seria oportuno que a INB viesse a público esclarecer vários pontos”, inicia Tania. “Como o descomissionamento vai ser feito? Quanto a INB prevê gastar? Qual o investimento? De onde vem essa verba? Quanto tempo vai demorar esse trabalho e por que isso nunca foi feito? Mais: o que eles vão fazer com aquele espaço? Porque não é só a mina. A parte que abrigava prédios também será descontaminada? São terrenos imensos! Eles pretendem vender tudo aquilo? Qual será o destino futuro daquela área? Esses técnicos que vão trabalhar são da INB? A empresa vai contratar? São várias questões que precisam vir a público”, questiona.
Segundo a jornalista, a população merece maiores esclarecimentos. “A INB precisa informar como será o descomissionamento da mina e seus arredores, e também o estado em que se encontram as barragens. A Agência Nacional de Mineração fez várias exigências, mas é importante a INB informar todas as providências que foram e serão tomadas para que a população não corra riscos”, diz. “O aval do Ibama é sempre positivo, embora seja fundamental que maiores esclarecimentos sejam feitos”, reitera.
Ela prossegue: “A questão é que ali tem urânio nas bacias, nos rios, e o urânio que saiu de lá contaminou várias regiões. Quando eu estive lá, em 2023, eles cortaram árvores às margens dos rios, das lagoas. Então eu pergunto: vai haver reflorestamento da região? O que a população pode esperar e o que isso exatamente vai significar? Porque para o público leigo, fica muito difícil compreender. Eu acho que a INB deveria vir a público dizer exatamente o que vai fazer, o que representa esse descomissionamento”, finaliza.