De repente, num momento qualquer da vida, aos 30, aos 40 ou aos 50 anos de idade, não importa, apenas de repente, longe das vozes e dos ruídos costumeiros, longe dos condicionamentos e dos vícios que nos arrastam como produtos do meio, uma voz que não vem de fora, mas de dentro da gente, tão rara que chega a ser sublime, ressoa nos pensamentos a dizer: "Por que você não me ouve"? E nós que vivemos difusos, distantes de nós mesmos, impregnados pelo externo que nos empacota nas mesmas expectativas, não nos atemos a ouvir o EU latente na nossa alma, queixando-se da escuridão que nós o impomos. Assim, vamos ficando por aí, flutuando nas superficialidades, envelhecendo a cada sopro do tempo, atrás de uma tal felicidade que pode estar bem perto, repousando no travesseiro, num cantinho da consciência.
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