27/05/2024 às 16h11min - Atualizada em 27/05/2024 às 16h11min

Luiz Roberto Judice lança “O Mulato Rosemiro”

FONTE: Luiz Roberto Judice - FOTOS: Divulgação
O autor (centro) com amigos na noite de lançamento realizada na Loja Maçônica Estrela Caldense

 
O escritor e poeta poços-caldense Luiz Roberto Judice está de livro novo. O Mulato Rosemiro”, obra de ficção, foi lançada no último dia 25 de maio, no Salão de Festas da Loja Maçônica Estrela Caldense, com a presença de inúmeros convidados.
 
O romance se desenvolve na pequenina e florescente estância de Poços de Caldas no ano de 1904. São também fictícios seus principais personagens que, vez por outra, interagem com personalidades históricas que ajudaram construir a cidade e que, no transcorrer da narrativa, aparecem circunstancialmente no texto.
 
Ao desenvolver a trama e fixar seus personagens, o autor procurou transmitir ao leitor a imagem mais clara possível de sua pacata cidade no início do século XX: um vilarejo inexpressivo, formado em função de suas fontes termais, cujas águas miraculosas atraíam centenas de enfermos que para lá se dirigiam em busca de cura para doenças como sífilis, reumatismo, bronquite, úlceras etc. Suas ruas e passeios eram de terra batida, entrecortadas por riachos. Para atravessá-los, as pessoas tinham que se utilizar de pontes de madeira (na sua maioria rústicas pinguelas). Suas construções iam de poucas e belas mansões de veraneio a centenas de casas comuns, entre outro tanto de míseros casebres. Seu comércio insipiente, alguns hotéis de baixa categoria e inúmeros cassinos e carteados. Sua população visivelmente estratificada composta de trabalhadores braçais e artesãos (entre estes um grande número de negros emancipados com a abolição da escravatura e imigrantes italianos), pequenos e grandes comerciantes, proprietários, capitalistas e fazendeiros.
 
Para melhor compreensão da época em que se dá a trama, o autor incorporou ao texto vários fatos históricos, promovendo uma fusão de ficção e realidade.
 
A propriedade do coronel Euzébio (comprada da família do visconde do Morro Velho, Joaquim Eleutério de Almeida, personagem fictício) foi inspirada na mansão Frahya, que pertenceu ao barão de Itacurussá, construída em 1887 pelo arquiteto italiano João Batista Pansini e adquirida pelo senhor Mansur Frahya no ano de 1906. 
 
“É uma obra regionalista”, explica Judice. Regionalismo, grosso modo, é a expressão literária que tem o escopo de valorizar a força que se dá a peculiaridades locais, não apenas em seus aspectos e formas particulares de dizer, mas também no que concerne a exploração descritiva de seu lugar geográfico. “Dizemos que uma obra é regional não somente pelo fato de estar localizada numa região, mas, também, por extrair sua essência ou substância real dos aspectos particulares desse lugar. Essa essência ou substância decorre tanto do fundo natural, assim entendido o clima, a fauna, a topografia, a flora etc, que são os elementos que afetam a vida humana na região, como também das maneiras peculiares da sociedade humana, ali estabelecida, que a distinguem de qualquer outra. Assim entendida, a ficção regionalista coloca em primeiro plano tanto os aspectos físicos da região, quanto os costumes locais, desenvolvendo sua trama no esforço concentrado de explorar esse panorama.”
 
No seu esforço de compreender a luta pela sobrevivência vivida pelo negro após a extinção da escravatura, abre espaço para um personagem mulato, retratando-o sem a roupagem romântica de nossos primeiros regionalistas, mas sem lhe imputar, também, a imagem de atraso na qual o escravo liberto não passa de um ignorante e preguiçoso. Ao contrário, além de superar a discriminação literária para com o regionalismo, o autor preocupou-se em fotografar a realidade urbana e interiorana de sua terra natal das primeiras décadas do século passado, pintando com precisão e realismo seu cenário social, explorando ao máximo seus aspectos culturais e, principalmente, a graça, o linguajar e a pureza da alma simples e bucólica de nossa gente.

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