01/11/2022 às 15h19min - Atualizada em 01/11/2022 às 15h19min
Saúde do homem vai muito além da próstata
FONTE: Central Press - [email protected] - FOTO: Envato
Historicamente homens tendem a cuidar menos da saúde, causando maior incidência de problemas como câncer de próstata e doenças cardiovasculares em estágios avançados c
Câncer de próstata levou a 44 mortes diárias de brasileiros em 2021, mas doença não é a única que recebe diagnóstico tardio pela falta de acompanhamento médico dos homens
O câncer de próstata é o mais incidente no homem e o que mais mata, atrás apenas do câncer de pulmão. Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde revelam que, de 2019 a 2021, foram mais de 47 mil mortes causadas por esse tipo de tumor. Mas o cuidado com a saúde do homem deve ir muito além do exame de próstata. A falta de acompanhamento médico regular faz com que doenças deixem de ser descobertas precocemente, dificultando ou até mesmo inviabilizando o tratamento.
O urologista do Hospital Marcelino Champagnat, Mark Neumaier, conta que é comum receber pacientes com a próstata bem aumentada, o que já influi no jato de urina e em outros desconfortos rotineiros. Isso quando o câncer nem é diagnosticado. “Existe um preconceito no exame do toque retal e muitos deixam de realizar o acompanhamento periódico por isso. Mas tem muitas outras questões que identificamos no consultório e que têm tratamento simples”, constata.
A fimose, por exemplo, é outro problema urológico na região genital do homem que pode trazer complicações quando não reconhecido. “A maioria acredita que a fimose só ocorre na infância, quando normalmente é corrigida. Mas sem esse procedimento, essa incapacidade de expor a glande pode acontecer tanto na ereção quanto no estado flácido do pênis. Já nas relações sexuais, a fimose pode incomodar com fissuras recorrentes ou até mesmo prejudicar a higiene do pênis, aumentado a probabilidade de desenvolver câncer na região”, ressalta. Segundo o urologista, o tratamento consiste em um procedimento cirúrgico usado por muitos anos, que não exige internação, apenas alguns cuidados no pós-operatório. “A sensibilidade da região e toda a função permanecem inalteradas”, explica.
NEUROSSÍFILIS - De acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde em 2021, foram registrados mais de 64 mil casos de sífilis no país. Com testes rápidos disponíveis em unidades básicas de saúde, o grande desafio encontrado ainda está no diagnóstico e no tratamento correto da doença, que pode ser sexualmente transmitida, e também pelo compartilhamento de agulhas ou de mãe para filho na gestação. Quando não cuidada, a sífilis evolui para formas muito mais graves, como a neurossífilis.
“A doença pode comprometer o sistema nervoso central desde o seu primeiro estágio e, por isso, deve ser tratada o quanto antes. Em geral, é assintomática e apenas o exame do líquor faz o diagnóstico”, esclarece a infectologista Camila Ahrens. “Passado o período de latência da doença, ela acomete o sistema nervoso central - olhos, coração e grandes artérias, além de ossos, pele e outros órgãos. A pessoa pode começar com uma confusão mental, alteração do comportamento, dor de cabeça, náuseas e, nas formas mais tardias, pode haver comprometimento cerebral, levando a pessoa a uma vida vegetativa”, alerta.
CORAÇÃO - O cardiologista do Hospital Universitário Cajuru, Gustavo Lenci Marques, reconhece que historicamente os homens tendem a cuidar menos da saúde, têm alimentação inadequada e procuram menos o atendimento médico. “Sabemos que muitas vezes o homem acaba sendo mais desleixado com a saúde e alguns hábitos como o tabagismo a afetam ainda mais.” E complementa: “Do ponto de vista das doenças cardiovasculares, praticamente todas são mais comuns em homens, entre elas a pressão alta, a dislipidemia (que é o colesterol alto) e o infarto.”
Lenci destaca que para prevenir as doenças associadas ao coração é preciso mudar os hábitos. “Não tem mágica, são três coisas principais: se mexer, fazer algum tipo de atividade física - não precisa ser um exercício extenuante, mas sair do sedentarismo -, ter uma alimentação equilibrada e não ter hábitos nocivos, como, por exemplo, o tabagismo”.