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18/07/2022 às 15h45min - Atualizada em 18/07/2022 às 15h45min

Bruno Filisberti, vivo 110 anos depois

As grandes iniciativas que demonstram respeito ao artista vieram da iniciativa privada
 
A morte de Bruno Filisberti em dois de julho de 1979 produziu imediatamente um repensar das artes de Poços de Caldas, que se alterna em atenção e esquecimento, dependendo dos matizes político/culturais da cidade. Logo a seguir ao falecimento fora decretado luto oficial pela prefeitura. Uma rua da cidade foi a ele dedicada, e o interesse pelo seu nome e trabalho cresceu. Depois, seu nome caiu em periódico ostracismo.
 
Em 1982, três anos passados de sua morte, foi criado no Espaço Cultural da Urca o Salão Permanente de Artes que leva o nome do artista. Só que não foi uma iniciativa inteiramente de governo voltado para a arte, mas sim uma ação isolada, quase pessoal da então diretora da Divisão de Cultura Margarida Valente, com a forte participação da professora Maria José de Souza (Tita), que já realizava no centro de cultura Chico Rei uma exposição de pintura com jovens artistas de Poços de Caldas. Durante seu mandato frente à pasta, a referida diretora conseguiu reunir periodicamente não só artistas, mas também pessoas afins para discutir o fazer cultural de Poços de Caldas. Foram aqueles mapeamentos culturais que depois são, como sempre, esquecidos.
 
Não me esqueço de que além dos pintores como João Batista e Alfeu Barbosa, Eduardo Malaquias, Pedro Barbosa, dentre outros, o grupo contava com Dom Duane Willians, que é verdadeiramente ligado à mineração, a professora Maria José de Souza, (Tita) representando o Centro de Cultura Chico Rei, dentre outros nomes de pessoas de Poços de Caldas interessadas no desenvolvimento cultural da cidade. Tais encontros nasceram a partir do Salão Permanente de Artes Bruno Filisberti.
 
Margarida Valente conseguiu, mesmo que de particulares, reunir dezenas de trabalhos para a primeira exposição individual de Bruno Filisberti. Algumas obras foram mesmo doadas, dentre elas um autorretrato que pertencia à família do médico e amigo Dr. Adami, grande colecionador de Filisberti, para dar início à Pinacoteca Municipal. Até uma capa especial do catálogo telefônico foi publicada.
 

Passado um mandato administrativo, tudo foi desarticulado, e praticamente, esquecido. O Salão Bruno Filisberti se resumiu por muitos anos a um espaço vazio, com uma única fotografia do artista na parede.
 
Enquanto o poder público não fazia sua parte, muitas obras do pintor foram para mãos particulares, existindo hoje algumas grandes coleções com mais de centena de quadros de Bruno, além de muitas telas em residências da cidade, e umas poucas que foram doadas para o Museu Histórico da cidade. Tudo caminhou num quase ostracismo até o mandato do penúltimo prefeito da cidade que criou a Secretaria de Cultura. Recuperou o Salão Nacional de Belas Artes com exposições de obras de Filisberti e de vários outros artistas, além de uma inédita exposição de desenhos de Bruno Filisberti que também já havia sido exposta na Casa da Cultura - IMS.
 
O artista plástico Marcelo Abuchalla também realizou uma exposição de rua em homenagem ao artista e uma instalação no próprio prédio da Urca. Alguns médicos da cidade conseguiram reunir grande número de obras, dentre eles Dr. Moacir Gomes Nabo Filho.
 


O proprietário do Monreale Hotel Resort, Flávio Delgado, além de patrocinar o livro Bruno Filisberti: Crônicas da Vida do Mestre dos Pintores de Poços de Caldas sobre a vida do mestre Bruno Filisberti, escrito por Chico Lopes, é hoje o maior colecionador de obras de Filisberti e criou no próprio resort uma belíssima galeria dedicada ao pintor e até adquiriu o último imóvel onde Bruno construiu seu próprio atelier. Há que se registrar que depois de uma doação de vários objetos, o Museu Histórico e Geográfico dedicou um pequeno, mas importante espaço, com algumas obras do pintor.
 
Como pode se notar, as grandes iniciativas que demonstram respeito ao artista vieram da iniciativa privada, pois, ainda no último dia dois, quando se completavam 43 anos da morte do artista, nada aconteceu por iniciativa do poder público. No ano em que a cidade completa seus 150 anos seria um bom período para se criar de fato a Pinacoteca Municipal e buscar reunir importantes obras de dezenas de artistas da cidade, como Matiolli, Edilson Barbosa, Marchandeau, Luz Divina, Pantaleão Stanziola, Marcondes, Caponi, Bonadeiro, Prietro, Arabela, João Batista, Alfeu Barbosa, Davini, Torraca, Stoppa, Valdir Felix, Nacib Nacklé, De Luizi, Severo, Alex e tantos outros pintores e pintoras contemporâneos que não deixam o ramo das artes plásticas morrer em Poços de Caldas.
 
Não vamos nos apressar. Ainda estamos no meio do ano. Quem sabe se ainda até o dia da comemoração dos 150 anos de Poços de Caldas haja tempo para uma grande exposição de artes plásticas, numa homenagem especial ao pintor Bruno Filisberti.
 
Também ainda há tempo para que os vereadores criem o Dia Municipal das Artes em homenagem aos nossos pintores que tanto promoveram e elevam o nome de Poços de Caldas.
 
Por Roberto Tereziano - Jornalista
 
 
O ARTISTA - Bruno Filisberti (1912-1979) era filho de imigrantes italianos, nasceu em Mococa/SP e se mudou com a família para Poços de Caldas aos 11 anos. Ainda menino, já demostrava sua tendência para a arte. Mudou-se para São Paulo, onde frequentou a conceituada Escola de Belas Artes e recebeu aulas de mestres como Paulo Vergueiro e Amadeu Scavoni.
De volta a Poços de Caldas, abriu seu ateliê. Bruno pintava o que gostava. A natureza era seu tema preferido: fundos de quintais, casebres, paisagens. Com o tempo, passou a pintar pessoas e retratos, dando ainda mais expressão à sua obra.


 
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