24/05/2022 às 15h02min - Atualizada em 24/05/2022 às 15h02min
Monkeypox: o medo de uma nova pandemia. Cientista explica tudo sobre a nova doença
FONTE: Redação MF Press Global - [email protected] - FOTO: Martin Dockweiler / Divulgação
, Nos últimos dias uma nova doença viral tem estado nos nossos portais de notícias levantando inúmeras questões. O Dr. Fabiano de Abreu Agrela, PhD em neurociência, mas também biólogo, ajuda a esclarecer algumas dúvidas
A monkeypox - ou em português, varíola de macaco - tem surgido em vários países do mundo nos últimos dias. Como nos refere o cientista, “a varíola de macaco, uma infecção viral que se parece à varíola, foi reconhecida pela primeira vez em primatas cativos em 1958 e identificada pela primeira vez em humanos em 1970 na República Democrática do Congo. Infecções que ocorreram precedentemente foram provavelmente diagnosticadas como varíola, devido a resultados clínicos semelhantes. Só depois de a varíola ter sido erradicada desta área e de ter sido instituída a vigilância de infecções semelhantes à varíola é que este vírus foi identificado. Ao contrário da varíola, cujo único hospedeiro é o humano, a varíola dos macacos é uma zoonose, embora possa ocorrer uma propagação de humano para humano.”
Sendo que esta transmissão de humano para humano é possível, convém então saber como ocorre. Abreu esclarece que “a transmissão ocorre provavelmente como resultado do contato próximo da pele com a pele que ocorre durante o sexo, em vez de ser uma infecção verdadeiramente sexualmente transmissível. Isto é semelhante à natureza sexualmente transmissível de alguns agentes patogênicos diarreicos, que são normalmente transmitidos por via fecal, entre os homens homossexuais”. Contudo, a via sexual não é a única forma de transmissão. O cientista alerta ainda que “a varíola de macaco é transmitida entre pessoas em estreito contato através de fluidos corporais, gotículas respiratórias, lesões ou mesmo materiais contaminados, tais como roupa de cama ou banho ou outros objetos pessoais.
Abreu destaca ainda que devemos ter noção de que não há provas de que se trate de um vírus transmitido sexualmente, tal como o HIV. “É mais pelo contato próximo durante a atividade sexual ou íntima, incluindo o contato prolongado de pele com pele, pode ser o fator chave durante a transmissão”. E mais: “Vemos semelhante com outras infecções, por exemplo a sarna. O modo mais provável de propagação é através de contato próximo: tocar a pele ou a roupa de cama, ou utensílios partilhados. Não há necessidade de postular a transmissão sexual através de secreções genitais ou orais.”
No que diz respeito à mortalidade, o cientista descreve que depende da variante em questão. “Há duas estirpes desta doença. A estirpe do Congo é mais grave (até 10% de mortalidade) e provavelmente mais transmissível em humanos. A estirpe da África Ocidental, a fonte destes últimos casos, para os quais a mortalidade é estimada em cerca de 1%.”
Em conclusão, Abreu acrescenta ainda que “não há tratamento eficaz e a maioria dos casos recuperará por si só num período de algumas semanas, contudo, parece que a vacina contra a varíola também é eficaz contra a varíola macaco.”