08/04/2022 às 15h06min - Atualizada em 08/04/2022 às 15h06min
“Vilegiaturas de prazer...”, uma investigação histórica sobre Poços de Caldas como cidade balneária entre os anos de 1930 e 1940
FONTE E FOTO: Jussara Marrichi / Divulgação
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Livro, resultado da tese de doutorado de Jussara Marrichi, será lançado hoje (dia 8)
Na década de 30, no Brasil, uma nova cultura burguesa começava a se afirmar no centro de um espaço balneário que havia sido projetado em meados dos anos de 1920 na Europa, a pedido do governo mineiro, que almejava transformar Poços de Caldas na primeira cidade balneária do Brasil. Em 1931, as três grandes obras que haviam sido pensadas e construídas por uma comissão renomada de médicos, engenheiros e arquitetos apareciam no cenário nacional e internacional como símbolos de um lugar civilizado e moderno que representava Poços de Caldas como a primeira cidade balneária da América Latina. No entanto, faltava-lhe ainda, a alta frequência de visitantes, que desde o final do século XIX já movimentava as cidades balneárias europeias.
Este é o fio condutor do livro “Vilegiaturas de prazer e a formação de uma cultura burguesa na cidade balneária de Poços de Caldas entre os anos de 1930 e 1940”, publicado pela Pedro e João Editores e que será lançado hoje (dia 8), a partir das 19h, no Centro Estético Jussara Marrichi. Proprietária do espaço, Jussara Marques Oliveira Marrichi é autora da publicação.
Parte do valor arrecadado com a venda dos exemplares será doado ao GAAPO - Grupo de Assistência e Apoio ao Paciente Oncológico.
Doutora e Mestre em História pela Unicamp, turismóloga pela PUC Minas em Poços de Caldas e esteticista desde 2003, Jussara já trabalhou como Chefe e Diretora dos Serviços Termais de Poços de Caldas e como Coordenadora de Balneário da CODEMIG/CODEMGE. Atualmente atua como Coordenadora de Termalismo no Balneário de Pocinhos do Rio Verde, em Caldas/MG. Seus temas de pesquisa são: termalismo e espaços balneários, turismo termal e de wellness, estética, história do corpo e embelezamento feminino através das águas termais. Ela já tem publicado o livro “A cidade termal: ciência das águas e sociabilidade moderna entre 1839 e 1931” (Annablume - 2015).
CULTURA BURGUESA - O livro, resultado de sua tese de doutorado, defendida no IFCH da Unicamp, é portanto, a investigação histórica a partir da leitura da imprensa local e de revistas e periódicos de circulação nacional que possibilitaram compreender o modo como foi sendo construído, no imaginário social, o início de uma cultura burguesa - que precisou aprender os novos usos do espaço balneário e da água termal para firmar-se como um novo grupo (posteriormente desejado e copiado), e que instituiu novos comportamentos diante de um processo civilizador das águas quentes em nosso país, contribuindo para a ocorrência de novos desejos na elite brasileira.
Estes desejos que instituíram a prática da vilegiatura de repouso já no início da década de 30 e a sua consequente transformação na atividade organizada do turismo foram também elementos primordiais para o deslocamento destas mesmas pessoas, que já nos anos 40 atribuíram valores a novos comportamentos, que com o tempo foram contribuindo gradativamente para o enfraquecimento deste tipo de cidade balneária na história moderna das viagens por prazer, em nosso país.
“O trabalho da investigadora revela uma capacidade de compreensão sistemática, com competências, aptidões e métodos de investigação associados ao domínio científico escolhido, uma capacidade perceptível na concepção e na realização de uma investigação significativa, respeitando as exigências impostas pelos padrões de qualidade e integridade acadêmicas, e uma investigação original, que contribui para o alargamento das fronteiras do conhecimento, merecendo divulgação nacional e internacional”, escreveu Jorge Mangorrinha, PhD. Caldas da Rainha, Portugal.