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09/02/2022 às 16h20min - Atualizada em 09/02/2022 às 16h20min

Marotti não é condenado por feminicídio: “sem intenção de matar”, diz júri

FONTE: Vitória Nogueira - Colaboração da Universa, de Nova Friburgo (RJ) - FOTOS: Reprodução / internet
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Empresário aguardava julgamento em uma unidade prisional no Rio de Janeiro; Andresa Vaz, irmã da artista plástica poços-caldense Alessandra Vaz, uma das vítimas do incêndio ocorrido em outubro de 2019, em Nova Friburgo, se declarou “sem forças” em seu perfil do Instagram
 
Rodrigo Alves Marotti, de 33 anos, foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de incêndio, que ocasionou na morte da artista plástica Alessandra Vaz e sua amiga Daniela Mousinho. No entanto, após mais de 12 de horas de sessão, o júri popular desclassificou a conduta como homicídio doloso. Eles entenderam que o acusado não teve a intenção direta de matar. Em outubro 2019, ele teria trancado as duas amigas no banheiro e ateado fogo na casa. Ambas faleceram por causa das queimaduras. Os familiares das vítimas, que esperavam pena máxima, se dizem insatisfeitos e injustiçados.
 
A sentença foi dada durante a madrugada desta quarta-feira (9), pela juíza Simone Dalila Nacif Lopes e causou clima de comoção no fórum. O MPRJ já recorreu para submeter o acusado a um novo júri, na intenção de reconhecer o duplo feminicídio. A defesa, por sua vez, interpôs recurso. Após o resultado do julgamento, Andresa Vaz, irmã de Alessandra, uma das vítimas do crime, se declarou "sem forças" em seu perfil do Instagram. Ela vinha lutando abertamente em campanha nas redes sociais para tornar o caso ainda mais conhecido e expressou diversas vezes o desejo da família por justiça e de penalidade máxima.
Pouco antes do início da audiência, Andresa disse, em entrevista a Universa, que tinha certeza que o réu seria acusado, mas que na sua campanha e luta seria para conseguir pena máxima. "Mas a gente sabe que dentro da lei do nosso país existem brechas para que isso não aconteça."
 
Luiza Mousinho, filha da vítima Daniela Mousinho, também usou seu perfil no Instagram para se manifestar. Em vídeo, declarou chorando: "essa é a cara de uma filha que sentou no Fórum de Nova Friburgo durante mais de 12 horas", e continuou dizendo "tive que ouvir no final que a decisão do júri foi que o assassino não teve intenção de matar a minha mãe e a Alessandra, mesmo tendo ateado fogo no colchão que impedia a passagem delas pra fora da casa."
 
O julgamento de Marotti aconteceu na 1ª Vara Criminal de Nova Friburgo e teve início na terça-feira (8), às 10h30. Por conta a pandemia, apenas familiares e um número reduzido de jornalistas puderam acompanhar a sessão presencialmente. Famílias esperavam que pena fosse exemplo. Dias antes do julgamento, familiares das vítimas começaram uma campanha nas redes sociais para pedir que ele recebesse a pena máxima pelos crimes.
 
Para a filha de Daniela, Luiza Mousinho, e a irmã de Alessandra, Andresa, uma sentença condenando Rodrigo Marotti à pena máxima fará justiça não só pelas vítimas dele, mas por outras mulheres vítimas de feminicídio no Brasil - o país é o quinto no ranking de morte de mulheres no mundo. "A pena máxima será um recado para todos os homens de que as ações violentas que cometem contra as mulheres todos os dias não vão mais passar impunes. Não vamos mais ficar caladas", falou Andresa, irmã de Alessandra, em entrevista concedida a Universa na véspera do julgamento.
 
RELEMBRE O CASO - Em outubro de 2019, o empresário Rodrigo Marotti teria trancado a ex-namorada Alessandra Vaz e a amiga dela, Daniela Mousinho, ambas com 47 anos, na época do crime, no banheiro da casa da artista plástica, no bairro de Mury, e ateado fogo no imóvel. Ele teria, inclusive, bloqueado a saída com um colchão em chamas para impedir a fuga delas.
As duas mulheres chegaram a ser retiradas do local com vida por vizinhos e conseguiram apontar Rodrigo Marotti como autor do crime, mas não resistiram aos ferimentos. Daniela morreu no dia seguinte e Alessandra dois dias depois, ambas com 80% dos corpos queimados.
Marotti, portanto, se tornou réu por duplo feminicídio. O empresário tentou fugir do local do crime, mas foi preso logo depois, em flagrante, e aguardava julgamento em uma unidade prisional no Rio de Janeiro. Em razão dos crimes cometidos serem considerados dolosos, ou seja, com intenção de matar, ele foi submetido a júri popular na 1ª Vara Criminal de Nova Friburgo, presidido pela juíza Simone Dalila Nacif Lopes.

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