Estudo indica que o Mounjaro causa 7 vezes mais danos irreparáveis no nervo óptico, e o Ozempic 4 vezes
Um estudo do Mass Eye and Ear Hospital, pertencente à Harvard Medical School, indica que o Mounjaro (tirzepatida) causa 7 vezes mais neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NOIA-NA), e o Ozempic (semaglutida), 4 vezes mais que outros medicamentos indicados para emagrecer e o controlar o diabetes tipo 2. Como se não bastasse, o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier e membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), alerta para uma recente pesquisa publicada na revista científica BMC Medicine - baseada nos relatórios de adventos adversos do FDA, órgão americano semelhante à ANVISA no Brasil -, que associa a semaglutida a mais de 400 casos de perda da visão, inclusive ente diabéticos que usavam o medicamento para controlar a doença.
Queiroz Neto afirma que este é um alerta para consultar um oftalmologista e interromper a injeção ao primeiro sinal de dor nos olhos ou qualquer outra alteração O especialista afirma que o problema é que estas injeções se tornaram uma verdadeira febre no mundo todo. No Brasil não é diferente. Hoje, 56% dos brasileiros estão acima do peso, um dos maiores problemas de saúde pública do País segundo levantamento do Ministério da Saúde. Por isso, o hospital tem recebido pacientes de outras especialidades médicas para que tenham avaliação da saúde ocular antes dessas injeções serem prescritos.
O que é NOIA-NA
Queiroz Neto explica que a NOIA-NA é uma das causas mais comuns de perda súbita e indolor da visão em pessoas com mais de 50 anos. A condição é multifatorial e monocular, pontua. Na maioria das pessoas, provoca comprometimento importante e irrecuperável da visão. A aplicação dessas injeções, que pode ser feita pela própria pessoa em casa, é mais arriscada em quem já tem diabetes. Isso porque, quanto mais tempo de convivência com a doença, maior a chance de ter alterações nos olhos. A NOIA -NA atinge as células nervosas do disco óptico e pode causar o infarto da cabeça do nervo óptico, caso a papila tenha alguma alteração. “Por isso, a comunidade médica se uniu evitar o uso indiscriminado dessas injeções”, explica.
Outros fatores de risco
O oftalmologista ressalta que, além do diabetes, os fatores de risco da NOIA-NA são:
1. Hipotensão arterial noturna e consequentemente redução do fluxo sanguíneo para o nervo óptico;
2. Pessoas que têm a anatomia do disco óptico naturalmente pequeno ou que sofrem redução da irrigação sanguínea no nervo óptico por outras alterações de saúde;
3. Outras doenças sistêmicas que alteram a circulação sanguínea, entre elas, a hipertensão arterial, colesterol alto e apneia obstrutiva do sono;
4. Glaucoma - principal causa do aumento da escavação do nervo óptico decorrente da pressão intraocular alta, desconhecido por metade dos portadores brasileiros;
5. Usar medicamentos vasodilatadores como o Viagra (sildenafil), especialmente em pessoas com disco óptico pequeno;
6. Tabagismo, por contribuir com alterações vasculares que predispõem à isquemia;
7. Cardíacos que tomam Inderal para controlar a frequência cardíaca ou outro medicamento de risco para esta neuropatia ocular.
INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES - Queiroz Neto afirma que antes de iniciar o uso de uma dessas injeções emagrecedoras, é importante passar por completa avaliação oftalmológica, retinografia ou uma tomografia de coerência ótica (OCT). O exame, indolor e automatizado, oferece imagens em 3D de todas as camadas da retina e nervo óptico. Em caso de qualquer sinal de obstrução papilar, as injeções são contraindicadas. Quando o exame não aponta contraindicações, é necessário acompanhamento oftalmológico regular.