Considerada a neoplasia mais comum no público masculino, doença pode atingir 71.730 casos em 2025; oncologista alerta para realização anual dos exames clínicos
Em um relato comovente à imprensa, o maestro João Carlos Martins, 84 anos, revelou ter sido diagnosticado com um câncer agressivo de próstata em março deste ano. A notícia, divulgada apenas neste domingo (27), lança luz sobre uma doença que atinge milhares de homens brasileiros anualmente e que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), deve somar até o final de 2025 em torno de 71.730 novos casos.
"Eu nunca vivi algo tão dramático", desabafou Martins em entrevista à Folha de S.Paulo, descrevendo o momento do diagnóstico como "devastador". Apesar de já ter enfrentado mais de 30 cirurgias ao longo da vida - principalmente nas mãos, devido à distonia focal que causa contrações involuntárias -, ele afirmou que o pós-operatório desta intervenção foi o mais extremo que já enfrentou.
COMPLICAÇÕES E RECUPERAÇÃO - A situação do maestro agravou-se quando, durante a recuperação, desenvolveu uma grave obstrução intestinal que demandou um procedimento emergencial de 24 horas, descrito por ele como uma "operação de guerra". "Foi a pior noite da minha vida. Fiquei traumatizado", relatou.
Apesar da seriedade do quadro, ele demonstra otimismo quanto ao prognóstico. "O câncer foi extirpado da próstata. É evidente que sempre pode haver uma reincidência. Mas não vai ser o meu caso", afirmou com a determinação que caracteriza sua trajetória. Mantendo sua agenda de concertos, Martins declarou: "Não tenho medo da morte".
Um alerta sobre uma doença silenciosa
O caso do famoso regente ilustra a realidade do câncer de próstata, considerado o mais comum entre homens brasileiros, excluindo-se os tumores de pele não melanoma. "Por ser um tumor silencioso, a principal ferramenta para diagnóstico em fases iniciais da doença é o exame de PSA", explica Denis Jardim, Líder nacional da especialidade tumores urológicos da Oncoclínicas&Co.
A próstata, uma glândula do tamanho de uma noz localizada abaixo da bexiga, tem a função de produzir o líquido seminal, responsável por nutrir e transportar os espermatozoides. O câncer nesta região frequentemente não apresenta sintomas até estágios mais avançados, tornando fundamental o acompanhamento médico regular.
Dados do Inca revelam que 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos, e que nove em cada dez homens diagnosticados têm mais de 55 anos. O oncologista ressalta que, embora a maioria dos casos ocorra esporadicamente, "existe um número representativo de tumores de próstata que estão associados a fatores genéticos hereditários."
Ele recomenda que homens a partir dos 50 anos realizem anualmente o exame clínico (toque retal) e a medição do antígeno prostático específico (PSA) através de um exame de sangue. Para aqueles com histórico familiar da doença, esse acompanhamento deve começar ainda mais cedo.
Tratamento individualizado
O tratamento do câncer de próstata varia conforme o estágio e agressividade do tumor. Em casos como o do maestro João Carlos Martins, com tumores agressivos, a cirurgia para retirada completa da próstata pode ser a opção mais indicada. Outras abordagens incluem radioterapia, braquiterapia e bloqueio hormonal.
"Em estágio inicial e de baixa agressividade, devemos manter um acompanhamento contínuo de consultas e exames, além do tratamento", orienta Denis Jardim. Para casos mais avançados, com metástases, existem também diversas estratégias terapêuticas disponíveis.
A história do maestro João Carlos Martins serve como um importante lembrete sobre a necessidade de cuidados preventivos e diagnóstico precoce. Ao compartilhar sua experiência, o renomado músico contribui para conscientizar outros homens sobre a importância dos exames regulares, fundamentais para aumentar as chances de cura de uma doença que, detectada a tempo, apresenta perspectivas otimistas de tratamento e de qualidade de vida aos pacientes.
CÂNCER DE PRÓSTATA: O QUE VOCÊ PRECISA SABER
NÚMEROS:
. 71.730 novos casos esperados em 2025
. 75% dos casos ocorrem em homens com mais de 65 anos
. 9 em cada 10 diagnósticos são em homens acima dos 55 anos
. É o tipo de câncer mais comum em homens brasileiros (excluindo tumores de pele não melanoma)
FATORES DE RISCO:
. Idade avançada: principal fator de risco
. Histórico familiar: aumenta significativamente as chances
. Fatores genéticos: mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 podem estar associadas
. A maioria dos casos ocorre esporadicamente, mas existe componente hereditário importante
SINAIS DE ALERTA:
. Doença geralmente silenciosa nas fases iniciais
. Quando presentes, os sintomas podem incluir: dificuldade para urinar, presença de sangue na urina, dores ósseas (em casos de metástase) e problemas nos rins (em estágios avançados)
DIAGNÓSTICO:
. Exame de PSA: análise de sangue que mede o antígeno prostático específico
. Toque retal: exame clínico essencial para detecção
. Biópsia: confirmação do diagnóstico quando há suspeita
. Ressonância magnética: pode ser indicada antes da biópsia
PREVENÇÃO:
. Homens a partir dos 50 anos devem realizar check-up anual
. Homens com histórico familiar devem iniciar os exames mais cedo
. Detecção precoce aumenta significativamente as chances de cura
TRATAMENTOS DISPONÍVEIS:
. Cirurgia para remoção da próstata
. Radioterapia
. Braquiterapia
. Bloqueio hormonal
. Quimioterapia
. Radioisótopos (para casos com metástase óssea)
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