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Conversa ao pé do ouvido

Por Odair Camillo - Jornalista
09/04/2025 15h29 - Atualizado há 1 semana
Conversa ao pé do ouvido
Foto gerada por IA

 

Nessa minha trajetória pelo mundo dos encontros e das conversas com gente da mesma idade que como eu vem atravessando essa famigerada REPÚBLICA DAS BANANAS por mais de oito décadas, vivenciando fatos e problemas de um país desnorteado, encontrei-me dia desses com um amigo que, durante nossa caminhada pelo parque, sussurrou ao meu ouvido o desejo de mudar-se para outro país.

“Nada demais”, disse a ele, que demonstrava sua idade avançada e estranha atitude de não expor suas palavras normalmente, respondendo-lhe que até eu, se menos 20 anos de vida tivesse, também já teria ido embora desse nosso Brasil.

Essa pessoa culta e religiosa que conheci na mocidade, não mais se expressava com firmeza e coragem daquele tempo, e temia que alguém o escutasse. Foi quando percebi que algumas pessoas em situação de rua, com vestígios de estarem drogadas estavam próximas, reunidas numa das vielas do parque, molestando aqueles que por eles passavam.

Depois fiquei sabendo que a Guarda Municipal, mesmo equipada e trabalhando em dupla, não conseguia, e nem tinha autoridade para levá-los para os abrigos da Prefeitura e às Casas de Repouso para alimentá-los e proporcionar-lhes uma melhor condição de vida. Eles não aceitam sair daquele estado de pobreza e marginalidade, e se por alguma vez forem, no dia seguinte estarão de volta.

E o amigo ainda comentou a insegurança que o brasileiro está vivendo atualmente. “Não podemos sair à noite sozinhos. Ficamos enjaulados em nossa casa, enquanto os marginais passeiam tranquilos pelas ruas.”

Mais baixinho ainda, quase ao pé do ouvido, ele balbuciou: “O povo brasileiro, infelizmente, deixou de formar líderes na política, resgatando pelo voto velhos e conhecidos corruptos que há muitos anos vêm sugando a nossa nação. Nosso Congresso, comprado pelo atual governo com a conivência das Forças Armadas, entregaram o país de mãos beijadas ao STF.”

Suas palavras, naquele momento de decepção com o país, mostravam sua fragilidade e temor. E lembrei-me de uma frase criada no século 17 e proferida pelo escritor, magistrado e filósofo francês Joseph-Marie de Maistre“Cada povo tem o governo que merece.” 


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