Brand-News Publicidade 1200x90

IMS Poços apresenta exposição sobre Laudelina de Campos Mello

11/03/2025 14h48 - Atualizado há 13 horas

 

Mostra, que abre no dia 22 de março, aborda trajetória, pensamento e legado da ativista, que foi pioneira na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil. Serão exibidos documentos, fotografias e outros materiais em diálogo com obras de artistas visuais

O Instituto Moreira Salles (IMS) de Poços de Caldas abre, no dia 22 de março (sábado), a exposição Dignidade e Luta: Laudelina de Campos Mello, dedicada à vida e à luta de Laudelina de Campos Mello (1904-1991), uma das mais importantes militantes pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil. Nascida em Poços de Caldas no ano de 1904, Laudelina foi pioneira na organização de sindicatos para a categoria e na luta contra a exploração do trabalho doméstico, que historicamente carrega resquícios do sistema escravocrata brasileiro.

A exposição reúne fotografias, matérias de imprensa, documentos e objetos pessoais de Laudelina. Em diálogo, são exibidas obras de 41 artistas de várias gerações e regiões do país, como Rosana Paulino, Bispo do Rosário, Heitor dos Prazeres, Emicida, Arjan Martins, Madalena Santos Reinbolt, Maria Auxiliadora e Dayane Tropicaos, que discutem o tema do trabalho doméstico, numa intersecção entre o legado de Laudelina e as lutas contemporâneas. A curadoria da exposição é de Raquel Barreto e Renata Sampaio, com assistência de Phelipe Rezende.

Laudelina iniciou sua militância ainda jovem, aos 16 anos, em uma Poços de Caldas segregada, onde a comunidade negra enfrentava dificuldades para acessar espaços públicos e culturais. No decorrer de sua vida, fundou duas associações de trabalhadoras domésticas, em Santos e Campinas, respectivamente em 1936 e 1961, que depois se tornaram sindicatos. Integrou a Frente Negra Brasileira, a maior organização negra do século XX, sendo uma das responsáveis pela criação do departamento doméstico da instituição. Durante a Segunda Guerra Mundial, integrou a Organização Feminina Auxiliar de Guerra. Também foi filiada ao Partido Comunista e ao Partido dos Trabalhadores.

A partir de sua experiência pessoal e das injustiças que observava ao redor, ela se tornou uma voz ativa na defesa dos direitos das trabalhadoras domésticas. A ativista organizava bailes e eventos culturais para a população negra em geral e as trabalhadoras domésticas em específico, atuando como articuladora cultural e criando espaços de resistência e de fortalecimento comunitário em uma época marcada por grandes desigualdades sociais e raciais.

A exposição traz um olhar aprofundado sobre sua trajetória, destacando seu papel como líder cultural e política. Laudelina compreendia o trabalho doméstico como uma extensão da escravidão, um prolongamento de um sistema que continuava a marginalizar e a explorar mulheres negras. Ela também compreendia que era no coletivo que se construía a luta por direitos e se fortalecia, destacando a importância da socialização, pois o trabalho doméstico é bastante solitário. 

A mostra também enfatiza a importância de suas ações culturais, como picnics que organizava para as trabalhadoras domésticas, proporcionando ao mesmo tempo, momentos de lazer e união para mulheres que, até então, eram excluídas desses espaços, e ocupando o espaço público de uma cidade segregada - Campinas -  de forma pacífica.

A exposição também destaca como o trabalho doméstico, embora tenha sido reconhecido formalmente com a PEC das Domésticas em 2013, ainda é uma área de grande vulnerabilidade. Esse cenário evidencia o legado de discriminação e desigualdade de oportunidades que Laudelina enfrentou ao longo de sua vida e que sua luta ajudou a transformar.

Em depoimento à pesquisadora Elisabete Pinto, cuja dissertação de mestrado foi referência fundamental para a exposição, Laudelina comenta que as trabalhadoras domésticas demoraram a ser consideradas enquanto categoria sob a alegação de que “não traziam economia para o país”, no que ela rebate: “Nós trazemos a economia, eles saem para trabalhar, principalmente a classe média, eles têm que trabalhar fora e então passam a escravizar a empregada doméstica”.

SERVIÇO:
Abertura:
 22 de março (sábado)
Local: IMS Poços - Rua Teresópolis, 90 - Poços de Caldas, MG
Informações: (35) 3722-2776
Entrada gratuita


FONTE: FONTE: Alice Dionisio - [email protected] - FOTO: Divulgação
Notícias Relacionadas »