13/12/2024 às 15h42min - Atualizada em 13/12/2024 às 15h42min
Risco das trends: “Como posso estar triste se em 2024 eu...”
FONTE: Raphael Nascimento - [email protected] - FOTOS: Reprodução Google / Divulgação
Psicanalista Fabiana Guntovitch comenta sobre a pressão das redes sociais e a idealização da felicidade; especialista em Comportamento, ela comenta as trends que viralizaram neste fim de ano
Uma nova tendência no Instagram, intitulada “Como posso estar triste se em 2024 eu…”, tem chamado a atenção ao reunir momentos felizes e conquistas marcantes em carrosséis de fotos. Apesar da proposta positiva de celebrar as boas memórias do ano que passou, a psicanalista Fabiana Guntovitch (foto), especialista em Comportamento, alerta para os riscos dessa prática quando usada para invalidar emoções difíceis, como a tristeza.
Segundo Fabiana, há uma pressão implícita nas redes sociais para idealizar a vida, o que pode levar muitas pessoas a acreditarem que emoções negativas não têm espaço em um cenário aparentemente perfeito. “Quando tentamos justificar nossa tristeza comparando-a com momentos felizes, criamos um conflito interno que pode gerar culpa e até nos afastar de uma vivência mais autêntica das nossas emoções”, explica.
Para a psicanalista, a saúde emocional não consiste em suprimir ou evitar sentimentos difíceis, mas em acolhê-los como parte da experiência humana. “A vida real é feita de altos e baixos. Tentar mascarar a tristeza com fotos de conquistas não elimina o sentimento, apenas o reprime, o que pode trazer mais sofrimento no futuro”, afirma.
Fabiana também destaca a importância de entender o feed do Instagram como apenas um recorte idealizado da realidade, e não um reflexo completo da realidade das pessoas. “É importante lembrar que momentos felizes e tristes coexistem, e ambos têm seu valor. Abraçar essa dualidade é essencial para a construção de uma narrativa mais autêntica e saudável, tanto nas redes quanto fora delas”, pontua a especialista.
Por fim, ela reforça que celebrar as alegrias da vida é importante, mas não deve ser usado como forma de invalidar o que sentimos em momentos mais difíceis. “Aceitar nossas sombras e vulnerabilidades é um ato de coragem e, paradoxalmente, faz parte do processo de aprendizado e evolução, que inclui autoconhecimento, autoconfiança, autoestima e amor próprio, indispensáveis para uma vida mais plena e mais feliz. Encontrar uma felicidade mais genuína”, garante ela.