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04/11/2024 às 15h13min - Atualizada em 04/11/2024 às 15h13min

Tratado clássico de Cícero reflete sobre a melhor república e o melhor concidadão

FONTE E FOTO: Divulgação Isadora Prévide Bernardo
 
Cícero, filósofo, político, advogado e, possivelmente, o maior orador romano, convida seus leitores a uma profunda reflexão sobre a o melhor concidadão, as virtudes e a melhor forma de governo. Por meio de um diálogo vibrante entre personagens históricos, ele nos leva a questionar os fundamentos da vida política e a buscar a melhor forma de organização social em Sobre a República, que chega aos leitores pela Editora Unesp em edição bilíngue português/latim, com tradução, apresentação e notas da Doutora Isadora Prévide Bernardo (foto).
 
A obra, escrita em forma de diálogo, expõe as reflexões de Cícero ao rememorar uma conversa de personagens ilustres, que se reúnem para discutir sobre a república romana. Com linguagem eloquente e argumentos filosóficos e históricos, Cícero apresenta as diferentes formas de governo, explorando os perigos dos vícios e da injustiça nessas. Os vícios podem degenerar a monarquia, a aristocracia e a democracia. Para fugir da degeneração e da regeneração das formas de governo, os romanos perceberam que era preferível uma quarta forma, a república, um governo misto que reunia as melhores características das outras três.  Além disso, o autor defende a importância da virtude cívica, da lei, do bem comum e da justiça para a construção de uma sociedade.
 
“Cabe notar que, quando escreveu a obra, Cícero não mais ocupava um cargo público: ‘Afasto-me, certamente, de todos os cuidados em relação à república e dedico-me às letras’. Esse afastamento lhe é penoso: ‘Agonizo, meu caro irmão, agonizo por não haver república, por não haver justiça e por minha idade nesta época, quando [minha] autoridade senatorial deveria florescer’”, registra a tradutora da obra, Isadora Prévide Bernardo. “O tema do afastamento da República e da dedicação às letras é recorrente em muitas de suas obras; mas dedicar-se às letras, quando longe da vida pública, não deixa de ser um trabalho público, ou seja, é o modo mais útil e honesto de servir à República. Certamente poder-se-ia dizer que Sobre a República seria uma obra que levasse os leitores a refletir sobre o momento de crise política que estavam vivendo em Roma. Observamos que a ideia da filosofia ligada ao contexto romano perpassa a produção filosófica ciceroniana, pois para Cícero a filosofia parece ser uma forma de ação, e não apenas uma teoria”, afirma a especialista no autor e tradutora da obra.
 
Sobre a República não é apenas um diálogo filosófico sobre política, mas também um retrato da “alma” romana, marcada por valores como o patriotismo, as virtudes e o dever. O leitor é impelido a repensar a importância do bem comum, do dever e da participação cidadã na vida pública. Esse texto atemporal e essencial para a compreensão da história política e filosófica do Ocidente continua a inspirar e a desafiar as mentes que buscam uma sociedade mais justa e equilibrada.
 
Marco Túlio Cícero (106 a.C.  43 a.C.) foi um orador, advogado, político e filósofo romano, considerado um dos maiores expoentes da oratória romana. Foi cônsul em 63 a.C. e desempenhou papel fundamental na derrota da conspiração de Catilina. Cícero também se destacou como escritor, publicando tratados sobre filosofia, retórica e política, dentre eles Sobre a República, Sobre as Leis e Sobre os Deveres. Sua obra teve profunda influência no desenvolvimento da filosofia e do pensamento político ocidental.

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