11/10/2024 às 13h49min - Atualizada em 11/10/2024 às 13h49min
Dia Nacional de Prevenção da Obesidade (11/10): peso das consequências da doença vão muito além de números na balança
FONTE: Central Press - [email protected] - FOTO: Divulgação/Envato
Condição afeta funcionamento do organismo e pode ser principal causa de doenças como diabetes, hipertensão e até mesmo câncer
O diagnóstico da obesidade, uma doença associada ao excesso de peso, ainda é frequentemente baseado no Índice de Massa Corporal (IMC) de um paciente. No entanto, um estudo realizado pela Associação Europeia para o Estudo da Obesidade (AESO) sugeriu recentemente uma atualização nos indicadores, considerando o IMC um marcador insuficiente para um diagnóstico preciso. A proposta indica que a gordura abdominal pode desencadear problemas de saúde, mesmo em pessoas que ainda não apresentam manifestações clínicas da doença, e deve ser considerada um fator de risco também em indivíduos com IMC mais baixo.
Essa mudança de conceitos visa reduzir o índice de subtratamento da doença, incluindo na classificação de obesidade pessoas com IMC de 25 a 30 que apresentem complicações clínicas, funcionais ou psicológicas associadas ao sobrepeso. A obesidade é uma condição que afeta o funcionamento dos sistemas do corpo; portanto, o diagnóstico preciso pode viabilizar o tratamento adequado e reduzir as chances de desenvolvimento de várias outras doenças.
Fator de risco para outras doenças
Entre as condições mais comuns em pessoas obesas estão as chamadas doenças cardiometabólicas, como hipertensão e diabetes. O médico endocrinologista Fabiano Lago explica que o excesso de gordura corporal causa resistência à insulina, um fator crucial no desenvolvimento dessas condições. "Uma das condições diretamente ligadas ao excesso de peso é o diabetes tipo 2, que representa a maioria dos casos da doença e está associado à resistência insulínica. O excesso de peso é um dos principais responsáveis por essa resistência, que sobrecarrega o pâncreas, aumentando o risco de desenvolver diabetes. Além disso, a obesidade também pode elevar os níveis de gordura no sangue, como o LDL colesterol, e está associada a uma maior incidência de hipertensão arterial", afirma o médico, que atua no Spa Estância do Lago.
Outra condição de saúde associada à obesidade é o câncer. Pessoas com obesidade estão em um grupo de maior risco para diversos tipos de câncer, como o de mama, cólon, endométrio e fígado. O excesso de gordura corporal pode alterar os níveis hormonais, criando um ambiente propício para o aumento de células cancerígenas. Além disso, a inflamação crônica causada pela obesidade pode contribuir para mutações celulares e crescimento de tumores, aumentando tanto a incidência quanto a gravidade dos cânceres em pacientes obesos.
O excesso de peso também afeta a mobilidade, pois pessoas obesas enfrentam uma pressão maior nas articulações. “Essa condição sobrecarrega as articulações, acelerando o desgaste da cartilagem. Esse tipo de desgaste normalmente causa dor e pode levar à perda de mobilidade, além de estimular o desenvolvimento precoce de artroses, principalmente nos joelhos e quadris”, complementa o endocrinologista.
IMPACTO PSICOLÓGICO - A obesidade afeta não só o corpo, mas também a mente. Pessoas obesas tendem a enfrentar, na maioria das vezes, problemas como baixa autoestima, isolamento e vergonha, devido à discriminação que acompanha a condição. “Alguns problemas de ordem psicológica, considerando que vivemos em uma época dominada pelas redes sociais, onde a aparência é muito importante, podem afetar negativamente pessoas com obesidade, em especial aquelas que enfrentam um grau severo da doença”, explica Fabiano.
Além disso, o impacto psicológico causado pela obesidade pode se tornar um obstáculo na adoção de hábitos saudáveis, dificultando a perda de peso. O sentimento de fracasso que acompanha cada tentativa frustrada de emagrecimento pode, por exemplo, desencadear casos de compulsão alimentar, criando um ciclo vicioso que prejudica ainda mais a saúde mental.
TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR - Para que o tratamento da obesidade seja mais eficiente, uma abordagem multidisciplinar, que envolve a colaboração de profissionais de diversas áreas da saúde, é fundamental para abordar as complexidades e especificidades de cada caso. “Quando a pessoa conta com um grupo de suporte, a chance de êxito no processo de perda de peso e na sua manutenção é muito maior. Por isso, espaços como spas, que contam com uma equipe multidisciplinar, são tão valiosos, pois oferecem suporte em diversas áreas afetadas pela obesidade”, reforça o médico.
Médicos, psicólogos, educadores físicos, nutricionistas e, quando necessário, cirurgiões, trabalham juntos na criação de um plano de tratamento personalizado, que prioriza a reeducação alimentar, a atividade física e o suporte emocional e clínico para enfrentar os desafios e as condições associadas ao excesso de peso e ao processo de emagrecimento. “Nesses casos, os pacientes, mesmo após o tratamento, mantêm os bons hábitos em casa. É um intensivo de autocuidado que faz com que a nova rotina seja encarada com mais vontade de cuidar da saúde”, finaliza.