29/07/2024 às 15h31min - Atualizada em 29/07/2024 às 15h31min
“Onde há fumaça, há fogo”
Jornalista, publicitário, escritor e professor universitário
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(Foto tirada por este jornalista)
Esse sábado foi fogo. Literalmente. Explico.
De onde moro, fiquei “monitorando”, desde o início da tarde, o fogo se alastrando pelas matas na área verde que circunda os bairros Jardim Europa e Novo Mundo. De longe, pude ver algumas pessoas utilizando baldes no terreno baldio (desculpem) para tentar dizimar o fogo.
Perguntava: cadê o Corpo de Bombeiros?
(Posteriormente, fiquei sabendo que o amigo Marcus Togni, o filho e amigos é que seguravam os baldes).
Passado algum tempo (muito tempo), eis que vejo o Corpo de Bombeiros chegando, mas, o fogo já se alastrava do Europa em direção ao Novo Mundo.
Acredito que o Marcus, assim como eu, naquele momento questionava: Por que os bombeiros demoraram tanto?
Continuei a observar o trabalho dos bombeiros e vi que eram apenas dois corpos de bombeiros, ou seja, apenas dois combatentes do fogo e um caminhão apenas. Notei que eles tentavam debelar os grandes focos de um lado, mas, pela demora, o incêndio já se alastrava de outro lado.
Pensei: será que a nossa cidade possui dois bombeiros e um caminhão apenas?
Notei então que as chamas se alastravam em direção ao condomínio Pitangueiras e ao Novo Mundo. Preocupei-me com as casas e seus moradores. Poderia haver um incêndio em uma residência, ou mesmo, asfixia pela inalação da fumaça, principalmente em idosos e crianças.
Vi os bombeiros deixando um local e imaginei que iriam para o outro lado do foco do incêndio. Fiquei sabendo que tinham ido embora, enquanto as chamas se aproximavam rapidamente do muro das casas.
Ligamos para o 193, que, após uma série de perguntas, o atendente informou que a guarnição estaria no local. Fomos, eu e minha esposa, até as casas próximas dos focos para ver se ajudávamos em algo.
Após alguns minutos, o CB chega e entra em uma viela. Resolvi ir até eles e perguntei a um bombeiro (ou seria malbeiro?) por que estavam ali se o foco era nas residências atingidas mais abaixo na rua. O bombeiro me ouve, faz uma cara de fumaça e disse que todo ano era a mesma coisa e que estavam esperando o fogo chegar mais próximo do caminhão. Detalhe: moro há cinco anos no bairro e nunca vi o fogo chegar até àquele local. Sugiro aos bombeiros que não ficassem esperando o fogo chegar e fossem até uma das casas e entrassem com a mangueira até o quintal. Depois de pensar uns minutos, ele, resolve, sem ânimo, acatar minha sugestão. Volto para a minha casa e de lá continuo a observar o fogo ir avançando e o destino das chamas parecia ir em direção à minha residência. Já fazia cerca de 5 horas que o fogo havia iniciado.
De repente, recebo uma ligação com um pedido de socorro. Era uma amiga que mora próxima de minha casa, informando que a residência dela estava pegando fogo. Como assim?
Fico sabendo que um bombeiro tentou fazer “o fogo contra o fogo” e acabou “botando mais lenha na fogueira”.
Naquele momento, além da casa dela, outra casa ao lado já recebia as chamas. Saí de casa tentando auxiliar os vizinhos, mas as chamas e a fumaça me impediam de chegar mais próximo.
Cadê os bombeiros? Eles chegaram sem muito planejamento e organização. Pareciam perdidos, enfumaçados. Pergunto a um deles qual o tamanho da mangueira do caminhão e (pasmem) ele não sabia. O fogo já se aproximava perigosamente e a casa era de madeira.
Recebo outro telefonema. Era minha esposa solicitando minha presença, pois o fogo se aproximava da nossa residência. Chego em casa e o cenário era de muita fumaça e altas chamas próximas ao muro. Tentamos apagar usando mangueira e percebemos que seria em vão.
O placar demonstrava. 3 focos de incêndio ao mesmo tempo contra um caminhão do CB e dois bombeiros. O fogo ganhava de goleada.
Vizinhos saem das suas residências e demonstram apoio e solidariedade. A chama da amizade estava acesa. Ainda bem.
Os bombeiros entram em minha casa pela garagem, mas antes, destroem uma linda bromélia em frente à minha residência.
Saio correndo da garagem, pois, meus olhos já estavam ardendo e eu estava tonto inalando tanta fumaça.
Daí, veio outra notícia quente: o caminhão dos Bombeiros estava sem água.
O melhor então, era sentar e esperar o fogo ir se apagando por conta própria.
Os bombeiros vão embora.
A fumaça e a fuligem invadem as casas dos bairros.
Felizmente, o fogo não chegou a atingir o interior da residência e ninguém ficou ferido ou passou mal.
Constato: foi um dia apagado para o Corpo de Bombeiros. Demonstraram falta de preparo, falta de planejamento, falta de equipamentos e, infelizmente, falta de educação.
Claro, não é fácil apagar o fogo nas matas. Usualmente são locais de difícil acesso e o trabalho exige muito. Mas, se tivessem chegado a tempo, teriam impedido o fogo se alastrar tanto.
Uma instituição de tanto respeito em nossa cidade, demonstrou, ao menos dessa vez, não estar em um dia feliz e não respeitar as pessoas.
Meu objetivo com esse texto não é queimar o nome tão cheio de conquistas como o do Corpo de Bombeiros, mas, jornalisticamente, refletir que necessitamos saber o que está ocorrendo com a instituição.
Afinal, onde há fumaça, há fogo.
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