06/06/2024 às 16h19min - Atualizada em 06/06/2024 às 16h19min
Vacina contra melanoma abre caminho para tratamentos personalizados
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Ainda em fase de testes, imunizante aliado à imunoterapia tem apresentado bons resultados, com redução de 44% no risco de retorno da doença
Essencial do nascimento à terceira idade, a vacina é uma das mais consolidadas formas de prevenir doenças. Legado de estudos realizados desde a década de 90 e potencializados pela tecnologia, a área da oncologia está testando um imunizante terapêutico voltado ao melanoma que pode beneficiar, também, o combate do câncer de pulmão, bexiga e rim.
Em sua última fase de testes clínicos, a vacina denominada mRNA-4157 (V940), produzida pela farmacêutica Moderna em conjunto com a MSD, começou a ser testada em pacientes com melanoma avançado. O oncologista clínico da Oncomed-MT, Marcos Rezende, explica que ela é fabricada a partir do RNA mensageiro da célula e o seu grande diferencial é a produção de forma personalizada, de acordo com a necessidade de cada paciente.
“O imunizante é produzido a partir do material tumoral coletado no próprio paciente. No laboratório, as amostras são sequenciadas de acordo com a estrutura genética. A vacina visa ativar o sistema imunológico da pessoa para combater especificamente as células cancerígenas”, explica. Marcos Rezende observa, ainda, que o imunizante também está sendo testados para tumores considerados imunogênicos - capazes de provocar uma resposta do sistema imunológico - como o de pulmão, bexiga e rim.
Nos testes clínicos de fase 2, a combinação com a imunoterapia - terapia que promove o tratamento do tumor por meio da ativação do próprio sistema imunológico do paciente - demonstrou uma redução de 44% no risco de retorno da doença ou morte em pacientes com melanoma em comparação aos que utilizam apenas a imunoterapia.
Abrindo caminho para a modalidade de tratamentos oncológicos personalizados, a vacina contra o câncer sinaliza o provável futuro da oncologia. “Essa abordagem individualizada, na qual cada paciente passará a receber um plano de tratamento adaptado às suas necessidades específicas, consiste em um avanço histórico. A vacina abrirá um leque de possibilidades para a descoberta de novos medicamentos que poderão proporcionar um tratamento cada vez mais customizado e com menos efeitos colaterais”, afirma Marcos Rezende (foto).
PRODUÇÃO E CUSTO - Atualmente, o imunizante está na fase 3 dos estudos clínicos com testes em voluntários no Reino Unido. As fases 1 e 2 focaram na avaliação da segurança e eficácia. Caso os resultados da fase 3 sejam positivos, à exemplo das etapas anteriores, o imunizante avançará para a análise das agências reguladoras. Uma vez aprovado, entrará na fase 4 de ensaios, que visa monitorar os efeitos colaterais a longo prazo nos pacientes vacinados.
“A estimativa é que em até dois anos estejam disponibilizados os resultados dos testes nos voluntários. Se a vacina for aprovada pelos órgãos responsáveis, a atenção será voltada ao custo de produção. A partir daí, a discussão deverá se concentrar nos aspectos referentes à estrutura laboratorial necessária à sua fabricação e o acesso dos pacientes ao imunizante”, concluiu o médico oncologista.