Segundo Leandro Silva, estudos mostram que o uso da cannabis melhora o déficit de atenção em pacientes autistas. Outros estudos ligados à fibromialgia e ao câncer, também foram citados
País tem quase 90 mil pessoas em tratamentos nas associações e médicos defendem ampliação do acesso, diante das evidências positivas em várias áreas da saúde.
Associações de pacientes de cannabis medicinal no Brasil tratam 86.776 pessoas, com idades entre seis meses e 102 anos e com uso de mais de 205 mil frascos/ano. A maioria (58,3%) são mulheres. Entre as enfermidades, os transtornos mentais e comportamentais aparecem em primeiro lugar, com 16,7% dos pacientes. Essas mesmas associações têm quase 3.500 médicos prescritores.
Os dados são do mês de abril e foram apresentados pelo médico Leandro Cruz Ramires da Silva no debate público “Cannabis e ciência: evidências sobre o uso terapêutico e seus meios de acesso”. O evento foi realizado pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na última sexta-feira (26/4/24).
Leandro Silva é diretor médico científico da Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal (Amame) e, desde 2014, receita cannabis medicinal e cultiva com salvo-conduto para seu filho. “A vida dele mudou. Ele tinha várias convulsões ao dia, hoje fica até três meses sem crise. E nunca mais internou. Três anos depois, já não tomava nenhum alopático”, relatou.
Na Mesa 1, que debateu “A importância e os avanços no uso terapêutico e medicinal da cannabis”, ele afirmou que a experiência em casa o tornou uma referência e, inclusive, coautor de estudo que confirma o benefício da cannabis em pacientes comautismo. Nesse público, houve melhora do déficit de atenção e hiperatividade e nas crises convulsivas. Outros estudos, ligados à fibromialgia e ao câncer, também foram citados.