28/03/2024 às 16h34min - Atualizada em 28/03/2024 às 16h34min
Monja Coen está com câncer de pele: doença é líder em incidência no Brasil
FONTE: Cinthia Jardim - [email protected] - FOTO: Divulgação - Reprodução Instagram @monjacoen
Responsável por 31,3% dos diagnósticos de câncer no país, tumor é frequente devido à exposição excessiva ao sol; especialista explica sobre a doença
Nesta quinta-feira, 28 de março, Monja Coen contou em um vídeo postado nas redes sociais que está com câncer de pele. Aos 76 anos, a Monja Zen Budista, Missionária Oficial da Ordem Soto Shu para o Brasil, explicou ainda que está passando por sessões de quimioterapia. "A vida é assim, às vezes a gente passa por momentos em que as coisas não são como a gente gostaria. Mas tudo tem começo, meio e fim", afirmou. “Eu disse que estou virando um jacaré porque é bem dura esta crosta. Depois de jacaré, quem sabe eu volto a virar um peixinho, não é?".
Ainda sobre o tratamento, Coen explicou que está utilizando uma pomada nos pontos em que há uma provável concentração de células cancerígenas. "Estou fazendo uma quimioterapia com uma ‘pomadinha’ que você passa e ela vai fazer ferida onde tiver câncer. Depois a ferida sai e o câncer sai junto.”
O uso da pomada no tratamento do câncer de pele, também conhecido como quimioterapia tópica, consiste em um medicamento, em forma de líquido ou pomada, no qual é aplicado na região afetada pelo câncer (pele ou mucosa).
ENTENDA O CÂNCER DE PELE - Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de pele é o mais incidente entre os brasileiros, correspondendo a um total que ultrapassa a marca de 229 mil novos casos a cada ano do triênio (2023-2025) - cerca de 31,3% de todos os tumores malignos registrados. Dentre os fatores de risco, a exposição prolongada ao sol sem proteção adequada promove o contato direto com raios nocivos, aumentando em até dez vezes o risco de câncer de pele.
De acordo com Sheila Ferreira, oncologista da Oncoclínicas, esse índice está diretamente relacionado a fatores intimamente ligados à localização geográfica do país, cuja origem tropical leva à alta incidência solar durante todo o ano.
“Em linhas gerais, a principal causa evitável do câncer de pele é a constante exposição à radiação ultravioleta (UV) sem uso de proteção adequada. Por isso, é preciso estar atento aos efeitos do sol para a nossa saúde. Os melanócitos e queratinócitos (células da pele) são os principais envolvidos no processo de fotoproteção, e quando expostos à radiação solar podem aumentar em número e tamanho”, diz.
O surgimento da doença ocorre quando há um crescimento anormal e excessivo dessas células que compõem a pele. “Resumidamente há dois tipos de classificação para os tumores cutâneos: melanoma, mais raro e que surge em forma de pintas ou sinais, e não-melanoma, responsável por 95% dos tumores cutâneos identificados entre os brasileiros e que se caracteriza comumente pelo surgimento de feridas ou manchas avermelhadas que coçam, descamam e podem sangrar”, explica Sheila.
A médica ressalta que os principais sinais e sintomas de câncer não-melanoma são a presença de lesões cutâneas com crescimento rápido, ulcerações que não cicatrizam e que podem estar associadas a sangramento, coceira, algumas vezes dor, e que geralmente surgem em áreas muito expostas ao sol como rosto, pescoço e braços. “Histórico familiar, características da pele - quanto mais clara mais propensa a desenvolver o câncer - e excesso de exposição solar são fatores de risco para a doença. Manchas com crescimento rápido e feridas cutâneas que não cicatrizam, estão entre os sinais que não devem ser ignorados.”
DE OLHO NA PREVENÇÃO - Para pessoas que costumam ficar expostas ao sol, é preciso reforçar o uso do protetor solar diariamente, principalmente no rosto. Se a exposição aos raios solares for maior, como na praia ou piscina, por exemplo, é importante abusar do protetor no corpo todo, usar chapéus e evitar horários em que a incidência solar esteja mais forte.
“Pessoas de pele clara, cabelos claros ou ruivos, com sardas e olhos claros são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser considerado, pois quanto mais tempo de exposição da pele ao sol, mais envelhecida ela fica, aumentando também a possibilidade de surgimento do câncer não-melanoma. Ainda assim, independente da cor de pele, idade e período do ano, a regra vale para toda a população: use sempre protetor solar, proteja o couro cabeludo com chapéus e use óculos de sol com proteção contra raios UV”, comenta Sheila.
É importante, ainda, a avaliação frequente de um dermatologista para acompanhamento das lesões cutâneas. A análise da mudança nas características destas alterações é de extrema importância para um diagnóstico precoce. O especialista tem o papel de orientar uma proteção adequada para descobrir os possíveis riscos que os raios solares de verão podem causar na pele.
Entenda os diferentes tipos de câncer de pele e os possíveis tratamentos
O câncer de pele não-melanoma pode ser classificado em: carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular. O primeiro é o tipo mais frequente, com crescimento normalmente mais lento. O diagnóstico se dá, usualmente, pelo aparecimento de uma lesão nodular rosa com aspecto peroláceo na pele exposta do rosto, pescoço e couro cabeludo. Já no carcinoma espinocelular, mais comuns em homens, ocorre a formação de um nódulo que cresce rapidamente, com ulceração (ferida) de difícil cicatrização.
“Tanto o carcinoma basocelular quanto o espinocelular estão relacionados a alta exposição dos raios solares e devem ser prevenidos com protetor solar e consultas frequentes com dermatologista são importantes para detecção do câncer na sua fase inicial”, aponta a oncologista da Oncoclínicas.
Já o chamado câncer de pele do tipo melanoma, apesar de considerado como sendo de baixa incidência - ele é responsável por 8.450 novos diagnósticos por ano -, é o mais agressivo e requer atenção redobrada. São geralmente os casos que se iniciam com o aparecimento de pintas escuras na pele, que apresentam modificações ao longo do tempo. As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o “ABCDE” - Assimetria, Bordas irregulares, Cor, Diâmetro, Evolução. “A doença é mais facilmente diagnosticada quando existe uma avaliação prévia das pintas”, sintetiza Sheila Ferreira.
É recomendável a ressecção cirúrgica destas lesões por especialista habilitado para adequada abordagem das margens ao redor da mesma. Posteriormente, dependendo do estágio da doença, pode ser necessária a realização de tratamento complementar. Quando diagnosticada precocemente, quimioterapia ou radioterapia são raramente necessárias e a cirurgia é capaz de resolver a maioria dos casos.
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