26/06/2023 às 16h33min - Atualizada em 26/06/2023 às 16h33min
Colírios podem piorar doenças crônicas
FONTE: Eutrópia LDC - [email protected] - FOTO: Reprodução Google
C
Levantamento mostra que o uso indiscriminado de colírios no inverno compromete 20% dos tratamentos de doenças crônicas
Quando a temperatura cai, o uso indiscriminado de colírio para aliviar o desconforto nos olhos aumenta. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, embora seja só uma gotinha nenhum colírio deve ser instilado sem prescrição médica porque contém substâncias ativas que podem piorar doenças crônicas pré-existentes. Queiroz Neto afirma que o inverno dobra o número de atendimentos por interação medicamentosa no hospital. Atinge 20% dos pacientes. É o que mostra um levantamento realizado pelo oftalmologista nos prontuários de 1,2 mil pacientes do Instituto.
O especialista afirma que alérgicos formam um dos principais grupos de riscos porque o frio intensifica a poluição e faz quem já tem alguma alergia sofrer mais com olho seco. A atenção sobre o uso de colírios por conta própria também deve ser redobrada entre idosos, salienta. “Isso porque, tomam em média cinco medicamentos/dia para controlar doenças crônicas que podem agravar pela interação medicamentosa”, pontua. A recomendação é sempre levar ao oftalmologista a lista de medicamentos utilizados continuamente para evitar conflito entre as prescrições.
“Mulheres que tomam anticoncepcional ou fazem TRH (Terapia de Reposição Hormonal) devem ficar alertas com o uso de todo tipo de antibiótico. Isso porque estudos mostram que o antibiótico inibe a absorção dos hormônios sintéticos.” O oftalmologista ressalta que os contraceptivos também interferem na lubrificação dos olhos e não adianta usar um lubrificante qualquer. “O correto é passar por uma avaliação completa do filme lacrimal, e dependendo do resultado do exame passar por sesses de luz pulsada para estimular a produção da camada lipídica que evita a evaporação da camada aquosa da lágrima.”
Alergia, aspirina e colírio vasoconstritor
Para se ter ideia dos riscos, a aparente mistura da inofensiva aspirina para tratar resfriado com colírio vasoconstritor, bastante usado durante o inverno, para deixar os olhos bem branquinhos, pode facilmente resultar em derrame subconjuntival entre pessoas alérgicas que têm o hábito de esfregar os olhos. Queiroz Neto afirma que este é o tipo de sangramento ocular mais comum. Tem como característica a formação de uma mancha de sangue vivo na parte branca do olho e geralmente é causado pela ruptura de um vaso da conjuntiva, trauma, tosse prolongada ou outro tipo de esforço, explica. Mas pode ocorrer espontaneamente entre pessoas que tomam aspirina por tempo prolongado, porque o medicamento tem ação antiplaquetária e por isso predispõe a hemorragias. Queiroz Neto afirma que geralmente o derrame subconjuntival desaparece sozinho e a aplicação de compressas frias acera o desaparecimento da mancha no olho. Caso haja dor, observa, é necessário consultar um oftalmologista.
Interações que afetam o glaucoma e cardíacos
O oftalmologista ressalta que outra interação perigosa é a do colírio betabloqueador, que serve para controlar a pressão interna dos olhos, e os remédios broncodilatadores, usados contra problemas pulmonares. Isso porque este tipo de colírio para glaucoma pode causar asma e falta de ar.
Quem tem glaucoma, observa, também deve evitar o uso de descongestionante nasal, que inibe o efeito do colírio. Em caso de congestão nasal, a higiene com soro fisiológico é a mais recomendada.
Para cardíacos, o oftalmologista afirma que todo colírio vasoconstritor é contraindicado porque pode aumentar a pressão arterial e aumentar a frequência cardíaca.
Como usar colírio
Queiroz Neto afirma que a oclusão do canal lacrimal, pressionando o canto interno com o polegar, evita a interação dos medicamentos com colírios. Os 12 passos para o uso correto de colírios elencados pelo especialista são:
1. Lave as mãos antes da aplicação;
2. Verifique no frasco se é recomendado agitar o produto antes de usar;
3. Incline a cabeça para trás;
4. Flexione a pálpebra inferior com o indicador;
5. Com a outra mão, segure o dosador;
6. Coloque o medicamento sem relar no bico dosador, para não contaminar o medicamento;
7. Feche os olhos por 3 minutos para garantir o efeito;
8. Pressione com o polegar o canto interno do olho para reduzir efeitos colaterais;
9. Se usar lentes de contato, retire-as antes da aplicação;
10. Recoloque as lentes de contato depois de 10 minutos da aplicação;
11. Em caso de prescrição de mais de um colírio, aguarde 15 minutos entre um e outro;
12. Só aplicar medicação dentro do prazo de validade estipulado na embalagem.