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15/04/2021 às 16h39min - Atualizada em 15/04/2021 às 16h39min

“Esquiando” em Park City, Utah

Por Odair Camillo - Jornalista
FOTOS: Brand-News/ Reprodução Google

Em outubro de 2002 fui convidado pela Câmara de Comércio, Convention & Visitors Bureau da cidade de Park City, para conhecer esta pequena cidade que fica a 50 quilômetros de Salt Lake City, cidade que se tornou famosa por ser o berço dos mórmons nos Estados Unidos.
Ela foi fundada em 1847 por um grupo de pioneiros mórmons liderados por seu profeta, Brigham Young. Assim como eu, mais oito jornalistas de alguns jornais e revistas também foram escolhidos para conhecer o famoso destino para a prática do esqui, com seus belos resorts e as melhores pistas de neve de todo o território americano. Talvez, a maioria deles nunca havia, como eu, praticado esse esporte.
Nosso encontro aconteceu no aeroporto de Guarulhos, quando fomos apresentados pela nossa guia antes do embarque pela American Airlines, com conexão em Dallas. Na fila dos companheiros, editores de turismo da Folha de São Paulo, Estadão, O Globo, Revista Viagem, entre outros, portando seus equipamentos profissionais e bem sofisticados. Naquele momento me senti apequenado frente aos colegas. Estava equipado unicamente com minha Nikon semi-profissional, e um conjunto de roupas, talvez, não condizente com o frio que iria enfrentar nas montanhas geladas de Park City. E como se costuma dizer, “com a cara e coragem” parti para essa inesquecível aventura.
Nossa primeira hospedagem foi em Salt Lake City, onde permanecemos por duas noites, afim de que nos ambientássemos com o frio que certamente enfrentaríamos nas montanhas de Utah. Foi então que pudemos apreciar a belíssima cidade-sede dos mórmons, inclusive tendo a oportunidade de adentrar à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, bem no coração da cidade.
No dia seguinte, partimos para o nosso principal destino: Park City. Pouco mais de meia hora, e a van que nos conduzia já trafegava pela Main Street, uma rua movimentada e com acentuado aclive, mas atenuada pela presença de um trolley que faz seu percurso, up & down por conta da cidade, a cada dez minutos. Ninguém paga, e ninguém cobra...
No passado, a velha Park City não passava de uma vila que chegou a ser conhecida como “cidade fantasma”, depois da crise de 1929, quando a maioria de seus moradores teve que deixá-la, já que as suas minas de prata e de ouro estavam exauridas, ou pouco ou nada representavam.
Agora, a nova Park City estava cheia de vida, suas lojas estilosas, bares e restaurantes elegantes, apinhados de turistas de todas as partes do país, transformando-a numa agitada cidade com seus prédios em estilo country, ricamente restaurados, e que passaram a ser a atração turística do estado de Utah.
Caminhando pela rua principal, chega-se a uma das atrações da cidade, a antiga estação ferroviária, que serviu de palco para a tomada de cenas de um filme baseado no assalto ao trem pagador, estória que ficou famosa tendo como ladrões Butch Cassidy e Sundance Kid. Quando de minha visita, a velha estação havia sido transformada no Zoom, um bom restaurante que pertencia ao ator Robert Redford, e o nome Sundance, ficou marcado como um dos principais festivais independentes de cinema das Américas.
A nossa hospedagem foi numa bela mansão de oito quartos e várias salas em Deer Valley, especialmente reservada para os jornalistas, com todos os equipamentos para se enfrentar a neve espessa que caia especialmente à noite.
 
Pilotando um snowmobile pelas montanhas nevadas de Park City

 
No dia seguinte, por volta das 9h, partimos para a aventura. A maioria nunca havia colocado nos pés um esqui. Depois de preparados e recebido as instruções básicas, saímos deslizando com muito cuidado para a primeira pista, plana e dura como uma mesa, ideal para os iniciantes desse esporte. Passos cautelosos não faltaram entre nós. Alguns já experientes começaram a deslizar na pista. Nossa guia, que se dizia mais experiente ainda, atreveu-se a subir para o segundo plano e descer a rampa até onde estávamos. Não deu sorte. Ao cair de costas, ainda com os esquis presos aos pés, torceu uma das pernas e acabou quebrando. Na tarde do mesmo dia, retornava, muito triste, para São Paulo.
No dia seguinte, novas aventuras. Um teleférico nos levou até o ponto mais alto da montanha. Ali pudemos nos aquecer com bebidas quentes e vislumbrar de um mirante, a magnífica visão de todo o complexo de esqui de Park City.
 
João Bittar, editor de fotografia da Agência Folha de Notícias, um dos nossos colegas, equipado com um verdadeiro canhão fotográfico, colheu as mais belas imagens de Deer Valley. Bittar, com quem tive mais contato por sermos praticamente os mais velhos dos jornalistas presentes nesse famtour, confidenciou-me que a média de fotografias tiradas ou preparadas por ele nas edições da Folha era em torno de 500 por dia. Mas que na verdade, somente 40 a 50 eram utilizadas. Observe-se que, naquela época, as câmeras fotográficas não eram digitais, como são atualmente.
No entanto, a minha mais interessante experiência sobre a neve foi quando a cada um de nós foi entregue um “snowmobile”, espécie de tratorzinho de esteira utilizado para se galgar as montanhas, e dirigir no meio das florestas quase cobertas de neve. Durante uma hora, todos puderam sentir a sensação de vitória e de prazer ao enfrentar os obstáculos naturais de uma nevada nas montanhas de Utah.
Bem... agora, é hora de retornar. Do lado de fora de nossa bela estalagem, a neve cai, e se amontoa perto da porta principal quase impedindo a sua abertura. Deliciamo-nos com o farto café da manhã servido por nossos anfitriões. Em seguida, ajeitamos nossos pertences na van que já está aguardando do lado de fora. A viagem se torna silenciosa e triste. Poucos se atrevem a perturbar o sono natural dos colegas durante a viagem. Chegamos finalmente ao aeroporto de Salt Lake City. 
Após o check-out, nos reunimos a última vez num dos lounges do aeroporto. Comentamos algumas das passagens interessantes acontecidas durante a viagem. Trocamos cartões e nos dispusemos, sempre que possível, entrarmos em contato. Jamais nos dispersarmos. E alguém, sabiamente, sugeriu que deveríamos, em São Paulo, visitar nossa guia que se acidentou na pista de Deer Valley, e agradecermos pela oportunidade de conhecermos e participarmos de uma viagem inesquecível. Ao mesmo tempo, dizer a ela que, numa outra data, após seu restabelecimento, bem que poderíamos voltar a Park City. Será que ela toparia?

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