28/03/2023 às 15h28min - Atualizada em 28/03/2023 às 15h28min

Um terço das crianças brasileiras serão obesas até 2035, aponta pesquisa

FONTE E FOTO: Alexandre Poletto - [email protected] - FOTO: Divulgação
Criança pode ter sentidos ativados com experiência sensorial
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Especialista alerta para os dados e explica como experiência sensorial pode romper barreiras e estimular o paladar da garotada para uma comida mais saudável
 
As guloseimas fazem parte da vida da garotada que não dispensa um lanche ou até um docinho, mas alguns dados e estudos vÊm trazendo um alerta importante sobre a saúde de crianças e jovens do Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, a obesidade infantil já afeta mais de 3 milhões de crianças menores de 10 anos no Brasil.
O alerta não para por aqui. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade de 2023, os dados existentes apontam que até 2020 cerca de 12,5% das meninas no país e 18% dos meninos eram obesos. O levantamento ainda revela uma perspectiva de futuro preocupante, porque com base nas tendências atuais, até 2035, esses índices podem chegar a 23% e 33%, um aumento de 84% e 83,3%, respectivamente.
 
Este estudo, publicado pela Federação Mundial da Obesidade, prevê que a obesidade infantil pode ser maior que o dobro até 2035 (em relação aos níveis de 2020), já que o cenário pode aumentar rapidamente entre as crianças. 
 
Dividindo o mapa da obesidade infantil no Brasil, atualmente, a região Sul do país lidera o ranking com 11,52% de crianças acima do peso entre 5 a 10 anos. O segundo lugar no ranking é ocupado pelo Sudeste, com 10,41%; seguido pelo Nordeste, com 9,67%; Centro-Oeste, com 9,43%; e Norte, com 6,93%. Estes dados são disponibilizados através do levantamento realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de cada região, levando em conta o acompanhamento médico de pediatria. A estimativa atual é que 6,4 milhões de crianças tenham excesso de peso no Brasil e 3,1 milhões já evoluíram para obesidade. 
 
Essa epidemia global de obesidade é um grave problema de saúde pública que causa mais mortes do que a desnutrição em todo o mundo. Então, para mudar este cenário é preciso desestimular o consumo de produtos ultraprocessados para crianças e adolescentes e apresentá-los aos alimentos saudáveis. Mas, afinal, como fazer isso de forma a estimular os sentidos e não gerar resistência com os alimentos que normalmente a criançada não gosta?
 
A fonoaudióloga especialista em motricidade oral com experiência em casos de recusa e seletividade alimentar Carla Deliberato explica que a saída pode estar em um gesto simples, mas que com a correria do cotidiano foi deixado de lado. Para ela, estimular a experiência sensorial da criança na cozinha é o caminho mais interessante e saudável. “Levar a criança para cozinha, apresentar os alimentos por meio de uma receita, estimular para que ela sinta e manuseie um ingrediente pode despertar a curiosidade e também o apetite”, explica.
 
Além de marcar a infância da criança de uma forma participativa, a criança tende a se interessar mais pelo alimento que está mexendo. “Muitos pais simplesmente dão, por exemplo, uma banana amassada para a criança comer. Ao invés disso, porque não sentar com a criança, descascar a fruta, deixar com que ela toque o alimento e se interesse por ele?”, questiona.
 
Carla, que se tornou “especialista” no assunto, chegou ao tema justamente por viver com a filha essa experiência de recusa alimentar na prática. “Minha filha tinha dificuldade de se alimentar, eu busquei nos estudos me aprofundar mais sobre esse desafio, que é tão comum na fase inicial da vida de qualquer criança. O caminho é essa construção de experiências que os pais podem promover e vivenciar com os filhos na cozinha.” 
 
No último sábado, Carla promoveu a oficina culinária Mãozinhas na Massa para a criançada com experiência sensorial em uma mini cozinha em sua clínica na capital paulista. Ela busca conscientizar os pais sobre essa vivência em família, que estimula os laços e também a saúde das crianças.

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