04/11/2022 às 16h34min - Atualizada em 04/11/2022 às 16h34min
Poços de Caldas: 150 anos de encanto - Parte 2
FONTE: Roberto Tereziano - FOTO: Arquivo / Reprodução
Fonte Pedro Botelho C
Corriam as primeiras décadas de 1800 quando o naturalista francês August Sant Hílare e seu auxiliar pelos caminhos do sertão, um indígena que de tanto ajudar nas pesquisas do naturalista já havia aprendido muito de botânica, passaram aqui pela região. O francês estava se sentido adoentado e parou pelo caminho, enquanto seu ajudante saiu atrás de caçar uma anta para as próximas refeições.
Seguindo com seus cães de caça a trilha feita por animais selvagens, o indígena chegou até as fontes termais com cheiro estranho, gosto e temperaturas diferentes. No embate contra um dos animais selvagens, um dos cães saiu em desvantagem. Estava muito ferido e poderia morrer em poucos dias. Com a intenção de aliviar a dor e os insetos que se aglomeravam nos ferimentos, o indígena banhou o animal com aquela água estranha e decidiu por abandonar o cachorro próximo a uma das fontes, para que não morresse de sede.
Voltando aos poços d’agua dias depois, notou a rápida recuperação de seu cão. Continuou aplicando os banhos e, com surpresa, notou a cura quase milagrosa do animal.
Tal informação chegou ao naturalista francês e se estendeu também, contada de forma oral, entre os primeiros moradores da região sobre a possibilidade de tais águas terem poder de cura.
Vários outros viajantes que por aqui passaram levaram tais fatos ao conhecimento de outras pessoas, e muitas delas passaram a procurar as fontes termais.
Oficialmente, os primeiros moradores da localidade foram o alferes Inácio Preto de Moraes e seu filho, que em 1780 pediram a posse de tal região ao governo de São Paulo de Piratininga, que a concedeu, acreditando ser a região parte daquela capitania. O alferes e seu filho estavam interessados em minérios, mas tiveram conhecimento da existência das fontes termais. Começaram a fundar um arraial, mas foram expulsos pouco tempo depois por autoridades que defendiam que a área não pertencia a São Paulo. Só décadas depois é que surgiram os Junqueira, que mais tarde doariam a área inicial para fundação da cidade.
Foram os pastos verdes e a fauna exuberante que chamaram atenção do Coronel Joaquim Bernardes da Costa Junqueira e seu irmão José Bernardes da Costa - que passando pelo planalto, a caminho de Baependi, aonde os primeiros Junqueira que chegaram ao Brasil em 1750, vindos da região da cidade do Porto, Portugal, já possuíam sesmarias,-, seguiram o exemplo de João Francisco Junqueira, pedindo ao império a posse de tais terras devolutas dos dois lados da serra, onde mais tarde nasceriam as fazendas da família.
Só depois souberam da existência das nascentes sulfurosas.
Por Roberto Tereziano - jornalista e historiador
Facebook: R Tereziano Poços de Caldas