08/01/2025 às 15h21min - Atualizada em 08/01/2025 às 15h21min
Meta suspende checagem de fatos: liberdade de expressão ou porta aberta para a desinformação?
Por Carol Affonso - Comunicação Estratégica para Instagram
@carolonlline
FOTO: Reprodução Google
Em uma decisão controversa, Mark Zuckerberg (foto) anunciou o fim do programa de checagem de fatos, substituindo-o por notas da comunidade. A mudança gera debate sobre os impactos na confiança e na disseminação de informações
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, surpreendeu o mundo ao anunciar o fim do programa de checagem de fatos nas plataformas da empresa, incluindo Facebook e Instagram. A medida, implementada em 2016 para combater a desinformação, será substituída por um sistema de “notas da comunidade”, que permite aos próprios usuários corrigir ou adicionar contexto a conteúdos potencialmente enganosos.
Segundo Zuckerberg, os verificadores independentes se tornaram alvo de críticas devido a vieses políticos e falhas que acabaram gerando censura excessiva. “Os checadores de fatos têm sido muito parciais politicamente e destruíram mais confiança do que construíram, especialmente nos Estados Unidos”, justificou o executivo. A Meta agora aposta em uma moderação de conteúdo mais descentralizada, que prioriza a liberdade de expressão e a participação democrática dos usuários.
A decisão será aplicada inicialmente nos Estados Unidos, com planos de expansão para outros países. No entanto, especialistas apontam que a ausência de verificadores profissionais pode dificultar a identificação de conteúdos falsos, aumentando os riscos de desinformação em escala global.
A mudança ocorre em um contexto político sensível. Recentemente, Zuckerberg tem buscado aproximação com o governo norte-americano, destacando ações como uma doação de US$ 1 milhão ao fundo de posse de Donald Trump e a transferência de equipes de moderação da Califórnia para o Texas. Esses movimentos, aliados à nova política da Meta, sinalizam um esforço para reduzir críticas de censura e possíveis vieses culturais na moderação.
No Brasil, a decisão também gerou repercussão. O Ministério Público Federal já solicitou explicações à Meta sobre os impactos da medida em suas operações locais. Por aqui, a checagem de fatos tem sido uma ferramenta essencial no combate à desinformação, especialmente em um cenário de polarização política.
Para defensores da mudança, o sistema de notas da comunidade é um avanço em direção à liberdade de expressão, permitindo uma moderação mais transparente e democrática. Por outro lado, críticos alertam para o risco de um aumento exponencial de informações falsas, prejudicando não apenas os usuários, mas também a confiança nas plataformas.
O que está claro é que a Meta está redesenhando as regras do jogo. O futuro das redes sociais, marcado por iniciativas como esta, será definido pelo equilíbrio - ou a falta dele - entre liberdade de expressão e responsabilidade no combate à desinformação. Cabe agora aos usuários, governos e especialistas observarem de perto os desdobramentos dessa decisão e seus impactos na esfera digital global.
*O Brand-News não se responsabiliza por artigos assinados por nossos colaboradores