22/07/2024 às 16h17min - Atualizada em 22/07/2024 às 16h17min
Grupo de artistas de Poços se une em torno do amor pela Arte Naïf
FONTE E FOTOS: Roseli Fontaniello
“Papai malabarista”, tela de Roseli Fontaniello
A arte dos chamados artistas primitivos é livre de convenções ou regras
A Arte Naïf não é uma escola acadêmica nos moldes da tradição europeia, muito ao contrário. O artista naïf é livre de convenções ou regras. Ele pinta, borda ou esculpe conforme seu coração deseja, apenas pela força de expressão que há em si.
Os artistas naïfs podem não ter nenhuma formação regular. Podem ser crianças, negros, indígenas, brancos, orientais. Podem ter algum tipo de transtorno psíquico ou deficiência física. Isso não importa para essa arte, que valoriza e expressão visual de cada um.
O termo “naïf” foi criado para designar, no universo da arte, o artista com características de simplicidade, naturalidade, inexperiência, franqueza, falta de familiaridade com o mundo acadêmico da arte, que conseguem expressar sem pudor sua visão única do mundo.
Atualmente, o Brasil está se destacando como o maior celeiro do mundo de artistas naïfs, de grande criatividade e talento. Por ser um país de uma cultura resultante de inúmeras outras, é um canteiro fértil para o surgimento e desenvolvimento dessa forma de expressão artística.
Em Poços de Caldas, está sendo formado um grupo de mentoria nesse tema, liderado pela artista Roseli Fontaniello, que já participa, desde 2016, de Bienais Naïfs de Piracicaba-SP, Socorro-SP, Guarabira-PB, inclusive teve aprovado um projeto junto à Secretaria de Cultura do de Poços de Caldas -SECULT, denominado “Pintando Poços, um dia Naïf”, cujo incentivador é o Hotel Minas Gerais.
Aconteceram no primeiro semestre deste ano três encontros (primeiro grupo de oficinas), e no segundo semestre será formado outro grupo com outros 10 artistas, selecionados segundo ordem das inscrições.
No projeto foram visitados os patrimônios poços-caldenses como Coreto, Praça Pedro Sanches, Museu Histórico da Urca, Praça Getúlio Vargas (Relógio Floral) e Mercado Municipal (veja algumas fotos dos trabalhos abaixo).
Os participantes pintaram suas obras conforme pediu o coração, apenas com pouca orientação básica e nenhuma condução formal de técnicas. Foram feitos trabalhos que lhes exigiram desprendimento, coragem, enfrentamento e autoconfiança. A exposição dos trabalhos acontecerá no próximo mês de agosto, no Hotel Minas Gerais.
Segundo Roseli, várias artistas do projeto tiveram obras selecionadas no Festival Estação Naïf de Guarabira, na Paraíba, um dos mais importantes festivais de arte naïf do Brasil; na Mostra Internacional Totem das Cores (Socorro-SP); na Arte pela Paz (online): Genara Prata, Anadéli Xavier, Mary Cuzin, Ana Prado, Roseli Fontaniello.
Com abertura oficial no dia 26/07, a artista Roseli Fontaniello teve selecionada sua obra Greve dos Cavalinhos em Poços de Caldas, na Mostra Brasileira de Arte, realizada em Socorro-SP.
PINTURA DOS ARTISTAS PRIMITIVOS - O termo “naïf” originou-se no final do século XIX, quando houve uma exposição de obras de Henri Rousseau no Salon des Indépendants, em Paris, que chamou a atenção de artistas e críticos da época. Também chamado de Douanier (aduaneiro) por ter trabalhado como inspetor da alfândega, era pintor de fim de semana que passou a se dedicar exclusivamente à pintura somente depois de se aposentar, por volta dos 40 anos de idade.
A Arte Naïf, porém, não era privilégio da Europa. Os Estados Unidos, alguns países da América Latina, do Oriente Médio, do Oriente, Romênia, encontraram seus próprios Henri Rousseau, presenteando-os ao mundo através de Salões Internacionais de Arte Naif.
Na verdade, segundo estudiosos do assunto, a arte dita Naïf, é originada na Arte Plástica Pré-histórica, 40 a 45.000 anos A.C, ou seja, é a arte mais antiga, pura, ingênua, livre, posteriormente substituída por outras artes do estilo acadêmico, impressionismo, expressionismo, surrealismo e cubismo.
A arte dos chamados artistas primitivos passou a ser valorizada após o Movimento Modernista, que apresenta o gosto por tudo que era genuinamente nacional, autêntico, original e capaz de transmitir emoções de forma direta e cativante.