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16/04/2024 às 11h56min - Atualizada em 16/04/2024 às 12h00min

Gatilhos da infância: Crise de Alane na eliminação do BBB coloca perfeccionismo e medo de não agradar sob holofote

FONTE: Gabrielle Monice - [email protected] - FOTO: Reprodução Google
 
Especialista explica a relação entre essa descarga de energia e os traumas vividos quando criança
 
O Brasil assistiu ao vivo uma crise de ansiedade da participante Alane Dias, eliminada do BBB24 no último domingo à noite (14). Ao receber a notícia, ela em prantos começa a se bater e tentar se arranhar, além de dizer que é uma pessoa horrível e uma vergonha para mãe. Mas o que leva alguém a esse extremo que impactou o público e gerou muita discussão na internet?
“Quando uma criança é educada com base nas altas expectativas dos pais, não tem espaço para cometer erro ou esses erros são vistos sempre com críticas, com julgamentos, castigos, ameaças, ela cresce acreditando que para ser amada precisa ser perfeita. Esse pode ser o caso da Alane, que ao se ver eliminada entrou em contato com o medo da rejeição vivida quando criança e a fez entrar em crise. Essas emoções podem surgir em situações de estresse, não conseguimos impedir uma emoção, mas é necessário aprender a lidar e identificar os gatilhos que despertam esses sentimentos”, comenta Telma Abrahão, biomédica especialista em neurociência e desenvolvimento infantil e autora do livro de leitura rápida da Amazon ‘O que acontece na infância não fica na infância’.
 
Bailarina e modelo, Alane foi eliminada com 51,11% dos votos, teve um surto e começou a atacar a si mesma. Na neurociência isso se explica biologicamente também com as experiências da infância. “A expectativa de agradar sempre e o medo de ser punida - como talvez tenha sido durante a infância- podem deixar a pessoa em constante estado de hipervigilância e estado de alerta, isso aumenta os hormônios do estresse, do cortisol e impacta na autorregulação emocional. É possível perceber que naquele momento ela ficou com muito medo mesmo, a ponto de entrar na crise e se bater. Na hora do medo, as partes do cérebro ligadas ao controle de impulso são ‘desligadas’, podendo causar reações impulsivas como vivenciadas por Alane”, alerta Telma.
 
Na infância os aprendizados são intensos, a autorregulação é aprendida através da observação e da co-regulação com o cuidador. Quando a criança recebe dessa pessoa que deveria ser o modelo uma cobrança extrema, pode levar para a vida adulta esse reflexo. “Pessoas criadas com altas expectativas tendem a se tornar adultos perfeccionistas. Então quando ela soube que foi eliminada acionou esse gatilho e entrou nesse lugar de ‘eu não sou boa o suficiente’ ou ‘vou me esconder’, ‘que vergonha’. O sentimento para alguém assim é realmente de que para ser amada e aceita tem que ser perfeita”, comenta a especialista.
O episódio chama a atenção para algo pouco discutido: como os traumas de infância refletem na vida adulta. Um adulto ferido fere e sofre com gatilhos do passado que, se não tratados, se tornam um problema sério em relacionamentos. “Quando não aprendemos isso com os nossos pais, acabamos tendo que aprender a nos dar todo amor, cuidado e ter esse olhar de compaixão que talvez nunca tenhamos recebido. É preciso se reeducar para poder encontrar equilíbrio, harmonia e construir relações emocionalmente saudáveis”, finaliza a biomédica.

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