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06/11/2023 às 09h05min - Atualizada em 06/11/2023 às 09h15min

A entrega do bastão

FONTE: Brand-News
Lurdinha Camillo, setembro 2019 - Foto: Cléber Belizário / Daniel Reche
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Eu, que tenho um senso crítico apurado e formação em jornalismo (não que isso seja um atestado de inteligência), sempre exaltei o estilo inconfundível de minha mãe. De escrever. E encantar.
De notinhas sociais a crônicas de viagem, que resultaram em um livro, tudo tinha um toque personalíssimo, leveza, humor e muita sabedoria.
 
A famosa “Pimenta” era aguardada e temida por todos, indistintamente. Eu, que sempre editava os textos, muitas vezes cortava o barato dela. Pois, sabia, ia sobrar para mim... E verdade seja dita: muitas vezes a pimenta nem tinha endereço certo, embora muita gente tenha vestido a carapuça. Coisas de Lurdinha
 
Mesmo usando o teclado, ela gostava de escrever à mão. Papéis espalhados pela mesa, recadinhos, socorro, quanta desorganização! Não é mentira dizer que ela conseguia perder o que já tinha escrito - mas que sempre estava ali, sobre a mesa, junto às anotações, ou perdido na lixeira.
Sempre que chegava ao jornal, ia tratando de mexer nas gavetas para jogar algo fora, trocar os cadernos de lugar. Sim, ela amava mudar tudo de lugar! Puxou à minha avó Maria.
 

 
Inquieta, criativa, incansável, tinha sempre uma nova coluna em mente. Listas de nomes de suas queridinhas, para quem sempre ligava para perguntar sobre moda, estilo, viagens, savoir faire.
Como conhecia cada uma como a palma da sua mão, muitas vezes já sabia as respostas que receberia, e queria dar a questão por encerrada. Eu ficava brava, como assim? E diante da minha insistência, acabava lendo o que tinha escrito, e recebia de volta um “ok... é isso mesmo”. Coisas de Lurdinha.
 
Do currículo, nem vou falar. Acho que é de domínio público. Um orgulho para todos nós.
Muitos prêmios, eventos, paparicos, choros, risadas, piadas, viagens mundo afora, uma vida vivida com intensidade.
Desse legado, agradeço por tanta generosidade, ensinamentos. Construí minha carreira profissional com seu apoio incondicional. Sua gratidão. Ao final de cada edição entregue aos leitores, um beijo carinhoso, abraços apertados e elogios. E a cumplicidade que sempre nos uniu, nos aproximou.
 
 Esse bilhete que achei dia desses em uma de suas inúmeras agendas - onde ela gostava de colar recortes de revistas que davam pistas de seu estado de humor - diz um pouco dessa sintonia que tínhamos uma com a outra.
No dia que se seguiu à sua partida, olhando algumas páginas em busca de lembranças que me aproximassem um pouco mais de nós duas, me deparei com várias anotações que encheram minha alma de alegria e saudade. Essa foi apenas uma delas. Não sei precisar a data. Isso é o que menos importa agora.
Importa é seguir o caminho que ela, generosamente, deixou pronto para mim. Continuar esse legado. A coluna “Em foco”.
Não é uma substituição, nunca será um plágio, mesmo porque desde meu início no jornal sempre compartilhei com ela o prazer de dividir, e ultimamente protagonizar, a coluna social que ela tanto amou fazer.
No máximo um revezamento, tipo corrida 4x400 metros, quando a explosão já não é tão importante quanto a capacidade de manter um ritmo fixo. Diria que é a entrega do bastão.
 

“Se escreve Mãe. Mas se pronuncia Amor.”
 
 
NOTA - Mensagem que publiquei na coluna “Em Foco” do Portal Brand-News, dia 7 de maio 2021, um mês após sua partida.
Foi uma decisão difícil, continuar com o Social. Coluna que durante praticamente toda a história do jornal, foi o carro-chefe. Páginas que os leitores abriam primeiro para saber quem saiu no BN, quem estava viajando e para onde, as festas badaladas, os eventos empresariais, notinhas apimentadas. Um Caderno inteirinho para encher os olhos e inspirar!
 
Mas eu não poderia deixar morrer esse legado que ela tão bem construiu e ajudou a solidificar o nome do BN. Daí a opção de publicar, todas as sextas-feiras, a coluna homônima: “Em Foco”.
Nela trago um pouco da cena social, que já não é mais efervescente como era antes da pandemia, e que não tem o mesmo brilho desde que sua titular, a inesquecível Lurdinha Camillo, saiu de cena...
  
Cláudia Camillo Prieto - Jornalista e diretora do Brand-News
 
 
 

 
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